Opinião | O Agro é pop! E pode viver a maior crise dos últimos anos

Foto: reprodução

Os agronegócios são os que garantem que o Brasil não vá para o buraco de uma vez por todas. Esta é uma verdade desde sempre! Muitos dos brasileiros retiram o seu sustento da pecuária, da agricultura e é por isso que boa parte do parlamento nacional é formada por uma bancada forte de ruralista. No campo está a maior riqueza da nação e das mais diversas fazendas saem toda sorte que sustentam as cidades.

E não é um exagero pensar assim. Quase 30% do PIB, de tudo que o Brasil é capaz de produzir, é colhido por homens e mulheres do interior, da roça, das fazendas. Este lado do país está crescendo e melhorando cada vez mais: safras maiores em espaços menores; mais eficiência no manejo e produção de proteínas; menor demanda de mão de obra e por ai vai. Acontece que isso não basta para a construção de uma nação rica e desenvolvida.

É uma pena que esta vocação natural que possuímos para o agronegócio não é, também, aproveitada para outras áreas de geração de riqueza. A dependência que possuímos do mercado de commodities esclarece boa parte do atraso brasileiro em diversas áreas. Falta ao país transformar o que a terra, o solo, geram. Ir além de entregar.

O ano de 2020 foi especialmente bom para o homem do campo. Boa parte do que foi produzido nas lavouras atingiu um preço recorde em reais. O problema foi acreditar que esta seria a nova ordem da natureza.

Com a nossa moeda entre as piores do mundo, uma forte demanda no exterior, principalmente da China, as contas dos produtores brasileiros engordou. Por toda sorte, as commodities também recuperaram e expandiram o seu valor na bolsa de Chicago (a principal instituição financeira do mundo relacionada aos commodities agrícolas).

Acontece que boa parte do que é produzido no Brasil é financiamento. Ou seja, o produtor capta recursos por meio de empréstimos e torce para que a safra seja boa. Tipo uma aposta contra o azar.

Quando brasileiro vendeu sua colheita em 2020 o dólar por aqui estava nas máximas. Mesmo com as commodities lá fora em valores baixos, como a cotação é em moeda americana, em reais para o agricultor/ pecuarista daqui o preço era histórico. Muitos são os casos de vendas da produção, neste momento, para o ano seguinte.

Não são poucos os relatos de compra de equipamentos, veículos e imóveis, já inflacionados, em novos financiamentos, agora para o consumo pessoal. Os meses avançaram com o Brasil e sua produção vendida. Os preços internacionais subira e o dólar encaixotado em uma faixa de valor. Chegou o momento de comprar insumos, que são importados, para produzir a próxima safra. Com a moeda referência internacional lá nas alturas o custo da safra brasileira 2021/2022 subiu e este é o ponto de inflexão para o Brasil e seus homens e mulheres do campo.

Hoje, se o real se valorizar, derrubando a cotação do dólar, como está em curso, e as commodities reduzirem 15%, 20% do seu valor na bolsa de Chicago, o preço de venda dos produtos agro local também despenca. E não precisa ser muito esperto para imaginar o que acontece com a soma de custo alto de produção e preço baixo da safra. O primeiro efeito é faltar dinheiro para quitar os financiamentos. Logo, estes são executados e a terra, algo sagrado para quem vive dela, passa para lista de ativos dos bancos.

O agro é pop, o agro é tech. Também é fé e uma torcida imensa para que tudo de certo, que o clima colabore e que a demanda não diminua tão cedo. Ou, nossas dificuldades serão ainda maiores para voltar a crescer. Com a tristeza da falta de renda e da fome, vivido nas cidades, visitando as propriedades rurais.

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