Opinião | A Furb é a nossa reforma econômica e política

Foto: Furb/Reprodução

Entra eleição, vencemos décadas, passam incontáveis políticos em todos os cargos elegíveis e alguns temas estão sempre ali, na ponta da língua dos candidatos. Daqueles mais recorrentes, quando envolvem Blumenau, a Furb certamente está no topo. O lamento é que esgotamos o verbo e, vencida a campanha, todo discurso volta para a gaveta.

A expectativa gerada, especialmente relacionada a federalização, é semelhante a tantos anúncios feitos por aqueles que precisam de votos, como a duplicação da BR-470. Uma frustração, por não avançar, que segue acompanhada de outras, também importantes prioridades para Santa Catarina e brasileiros dos quatro cantos.

Guardadas as devidas proporções, a Furb, e um fim para a sua longa novela, representa para nós o que as reformas econômica, fiscal, tributária e politica significam para o país. A urgência existe…. asfixiada por uma dificuldade de compreensão da contribuição para o progresso.

Próxima de completar 60 anos de transformações no Vale do Itajaí, falta para a universidade concluir uma etapa importante da sua história: entregar acesso gratuito e mais recursos para pesquisa. Um passo que, sem dúvida, transformará profundamente a relação da comunidade, não apenas com a vida acadêmica, mas, ainda, com o pensamento plural, crítico, social e econômico.

Hoje, o arranjo financeiro é algo esquisito. Uma parcela dos recursos entram por meio das mensalidades, outra de convênios dos serviços desenvolvidos e boa parte é oriundo do caixa da Prefeitura de Blumenau. Um volume financeiro, de servidores e alunos importante, que é maior que a realidade de muitos municípios do Brasil.

A Furb, nesta estranha organização que não é privada e também não é pública, está limitada na capacidade de atração de talentos diversos, prejudicando a pluralidade tão necessária para o avançar do aprimoramento do mundo acadêmico. No fim, esta estrutura também acaba por sobrecarregar o apertado orçamento do município.

A responsabilidade de qualquer prefeitura, quando falamos de educação, está no cuidado com a base… creches, pré-escolas e o ensino fundamental. Ao assumir, além disso, a importância de bancar um tanto dos custos da universidade – e de tabela de alunos de outras cidades -, limitamos o alcance do que Blumenau poderia servir para crianças, adolescentes e suas famílias.

Em 1964, quando estava para surgir como um dos mais importantes centros de ensino superior do país, os braços da sociedade blumenauense ergueram para viabilizar o projeto. E tudo que a história conta foi possível graças ao esforço de muitas personalidades locais. A próxima etapa precisa, necessariamente, de um acolhimento maior.

A federalização é o ideal? E transformá-la em uma universidade estadual, não seria uma solução? Quem sabe, ainda, envolver as demais prefeituras do Vale do Itajaí para implementar um novo modelo? Ou, ao extremo, privatizar toda estrutura? Parece, para mim, que de todas as alternativas só deixamos de vencer mantendo, eternamente, tudo como está, sem mudar nada, iludindo nossos ouvidos em cada novo pré-eleição.

2 Comentário

  1. Primeiramente, a FURB é pública, não tem nada de privada. É uma autarquia do município que, ao contrário do que afirmas, é financiada em boa parte pelas mensalidades dos estudantes da graduação. Do caixa da Prefeitura de Blumenau vem nada, quase nada ou muito pouco. A afirmação de “Sobrecarregar o apertado orçamento do município” não tem sentido diante do fato e nem parte do orçamento do município esta fazer parte.
    Parece que a sociedade blumenauense (a mesma que lutou por uma Universidade no interior, há décadas) não entende a importância que essa Universidade teve na formação dos profissionais que aqui atuam e na configuração da própria cidade, nem na importância de construir uma Universidade Federal a partir dela, com campus já edificados, servidores capacitados e laboratórios equipados. Preferem acreditar que uma UFSC Blumenau faz mais sentido do que uma FURB Federal.
    As demais prefeituras do Vale do Itajaí não tem interesse em implementar um novo modelo pois cada cidade já tem uma IES (UNIVALI, UNIFEBE, etc.).
    Estadualizar (quem sabe?) seria um caminho melhor que federalizar? Mas ainda assim, depende da sociedade blumenauense apoiar a ideia e de mais força e representatividade política, que está faltando para esse tema.

  2. Caro colunista Tarcísio,

    Muita desinformação em apenas uma notícia. A saber, a Ptefeitura de Blumenau não empenha um centavo para ajudar a universidade, a existência da FURB não impacta no orçamento da Prefeitura de Blumenau. Convido o colunista a dar uma olhada minoritários transparência da universidade e verá que FURB é FURB com suor de seus servidores e recurso de alunos, convênios e bolsas .. Lamentável querer atribuir a existência da universidade ao recurso do município que nem sequer oferta bolsas a seus munícipes.

    Sugiro que haja uma retratação pois o que a coluna traz são muitas mentiras a respeito do financiamento da FURB.

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