Lei obriga condomínios de Blumenau a denunciarem casos de violência doméstica

A Câmara de Vereadores aprovou, na sessão ordinária desta quinta-feira, 30, o projetos lei. de autoria do vereador Almir Vieira (PP), que obriga os condomínios localizados no município de Blumenau a comunicarem a ocorrência ou indício de violência doméstica e/ou familiar em suas respectivas dependências ou unidades.

O projeto prevê que os condomínios residenciais, comerciais ou mistos localizados no Município de Blumenau, por meio de seus síndicos e/ou administradores devidamente constituídos, deverão encaminhar comunicação à Polícia Civil, Polícia Militar ou a outro órgão de Segurança Pública, bem como ao Centro de Referência em Assistência Social – CRAS, ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS e ao Conselho Tutelar, quando houver em suas unidades condominiais ou nas áreas comuns a ocorrência ou indícios de episódios de violência doméstica e/ou familiar contra mulheres, crianças, adolescentes, idosos ou portadores de necessidades especiais.

Ainda de acordo com a matéria, a comunicação deverá ser realizada de imediato, por ligação telefônica ou por meio de aplicativo móvel, nos casos de ocorrência em andamento, e por escrito, por via física ou digital, nas demais hipóteses, no prazo de até 24 (vinte e quatro) horas após a ciência do fato, contendo informações que possam contribuir para a identificação da possível vítima e do possível agressor.

O texto do projeto ainda prevê que o descumprimento do disposto na lei poderá sujeitar o condômino infrator, garantidos a ampla defesa e o contraditório, a advertência e multa, a partir da segunda autuação, a ser regulamentada pelo Poder Executivo, a depender das circunstâncias das infrações.

Durante a discussão da proposta, o vereador Diego Nasato (Novo) destacou que o projeto teve parecer contrário da Procuradoria da Casa por vício de inconstitucionalidade insanável. Ele relatou que a Procuradoria proferiu parecer no sentido de que o município não tem competência para criar novos ordenamentos de Direito Civil (Condominial) e Direito Penal (comunicação de crimes). Também disse que o texto pode gerar problemas na efetividade das ações, não ficando claro se a responsabilidade de comunicação será dos condomínios, do síndico ou dos condôminos.

A vereadora Cristiane Loureiro (PODE) parabenizou o autor pela proposta, mas disse que conversou com a Polícia Militar sobre o assunto, que também apontou a dificuldade do cumprimento de uma lei nesse sentido. Disse que havia se abstido de votar quando o projeto passou pela Comissão de Educação e sugeriu que a redação do projeto fosse repensada de forma a ficar mais claro.

O vereador autor, Almir Vieira, relatou que tomou conhecimento de um caso em que um zelador foi demitido após denunciar um caso de violência doméstica em um condomínio. Disse que o projeto tem a intenção de garantir que as denúncias sejam realizadas sem o risco de punições. Também apontou que essa lei já está em vigor em muitas cidades e estados brasileiros, “Essa lei já foi aprovada na Assembleia Legislativa de São Paulo, em Jaraguá do Sul e também já está sendo analisada pelo Senado Federal”, disse.

O vereador Alexandre Matias (PSDB), ao justificar seu voto contrário, ressaltou que a essência do projeto é importante, mas ressaltou que o vício de inconstitucionalidade aponta que o legislador extrapolou as competências do que lhe é permitido. O vereador João Paulo Taumaturgo (PL) também justificou seu voto contrário pela inconstitucionalidade da matéria, e registrou sua tristeza ao perceber que a Câmara, através de lei, precisa “estimular o ato heroico”. “Denunciar um ato de violência deveria ser uma atitude pragmática de qualquer pessoa”, assinalou.

O vereador Bruno Cunha (Cidadania) explicou que votou favorável, apesar do parecer jurídico de inconstitucionalidade, porque muitas grandes cidades aprovaram a matéria com outro entendimento jurídico. “Tem muita coisa no Direito que abre margem para interpretações, e o autor juntou ao projeto entendimentos de outras Câmaras de Vereadores. Uma vez que usei esse critério para votação na CCJ, aqui no Plenário a discussão é de conteúdo, e por isso meu voto foi favorável”.

O projeto foi aprovado por 7 votos favoráveis, 4 contrários e uma abstenção, e ainda precisa ser votado em redação final na Casa antes de seguir para sanção do prefeito.

1 Comentário

  1. Se tem parecer jurídico de inconstitucionalidade, como aprovaram o projeto ?

    Para que serve a Procuradoria ?

    Ou seja, “manda o projeto que nóis aprova, nóis é sabido “…….Esta Câmara esta um circo .

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