A corrupção que não tem cor partidária

Ilustração: Democracia Política

O exemplo do que está acontecendo em Santa Catarina derruba a tese de que a corrupção pertence apenas a um grupo político. Infelizmente ela está entranhada na máquina pública, em todos suas esferas e níveis.

Não acredito que o governador Carlos Moisés (PSL), comandante da reserva dos bombeiros, seja desonesto e tenha algo a ver com a compra dos 200 respiradores, neste negócio nebuloso de R$ 33 milhões, pagos a vista. Assim como tenha alguma participação em algumas tentativas de negócios “estranhos” que não prosperaram, como o hospital de campanha de Itajaí e a compra dos EPIs.

Mas alguém perto dele agiu de má fé.

A investigação da Força Tarefa vai dimensionar o papel de Moisés nisso tudo. Deve apontar omissão, negligência ou até que ele não sabia.

Mas o resultado desta investigação que envolve MP, TCE e Polícia Civil deve confirmar que havia um grupo de pessoas, dentro e fora do governo, agindo para tirar proveito do dinheiro público nestes tempos de pandemia. Gente que percebeu a oportunidade, abriu várias frentes no meio do caos e incertezas do vírus e foi pega no pulo.

Está acontecendo aqui, no governo do até então ilibado Carlos Moisés, do PSL, eleito na onda 17 de Jair Bolsonaro. O próprio presidente, tem no seu DNA que passou para seus filhos a marca da milícia carioca e de uma carreira política dos quatros – pai e os três filhos – no estado mais corrupto do país, o Rio de Janeiro.

Sim, a corrupção é culpa do PT sim, que, por alguns de seus representantes, aparelhou e roubou muito o Estado, fato que ganhou a dimensão por conta do tamanho do rombo, proporcionado por 14 anos de poder. Mas junto com o PT, de esquerda, beneficiaram-se muitas outros cores partidárias, de ideologias distintas, como o MDB, PP, PSD e até o próprio PSDB.

Os partidos liderados pelos bispos evangélicos, hoje grudados no presidente Bolsonaro, também se beneficiaram desta quase uma década e meia do PT no Governo Federal.

Isso sem falar na corrupção nas Prefeituras, Legislativos e outros órgãos públicos.

A culpa, normalmente, recai somente sobre os políticos, mas há um grupo de empresários e “pessoas de bem” sempre de olho para viabilizar bons negócios, sem cores partidárias. Eles tem a capacidade se moldar aos inquilinos de plantão no poder e perpetuam a corrupção.

1 Comentário

  1. È Alexandre Gonçalves, você tem razão. Muita gente quer tirar uma casquinha dessa pandemia. Rezo para que a Polícia e demais órgãos ani-corrupção deem conta de tanta malvadeza.

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