Parece, mas não é.

Suzana Sedrez

Psicóloga, Dra. em Educação, Mestre em Ciências Sociais

 

Uma elite oportunista se (re)apossou do Brasil. Fico pasma de como as elites não querem ver o Brasil bem no seu local e no mundo.

No entanto, há luta e resistência nas ruas e em vários cantos do mundo denunciando a nossa jovem democracia traída.  Difícil descrever esse momento político que vivemos. Parece legal e constitucional, mas não é.

É comprovadamente um golpe brando, de Estado, o escambau.

Privatização numa direção e desmonte cínico e descarado do Estado de inclusão social com a devida complacência do Congresso, poder do Judiciário e da mídia dominante, na mesma direção.

Como um governo interino, desfaz toda uma arquitetura política construída nos governos do PT em dias seguidos de estupor e de ilegitimidade? Não passou pelas urnas, não foi escolhido, portanto não obedece aos tramites democráticos.

Por isso é golpe. Descarado porque toda composição de poder é retrógrada e há sete ministros investigados na Lava-Jato. Ocupam ministérios quem não tem informação e formação mínima para lá estar. Um descalabro sob a benção da mídia exemplificado no outdoor “não fale em crise, trabalhe”. Trabalhe para enriquecer sistema financeiro, para submissão aos EUA e manutenção dos perdedores nas urnas nas entranhas do poder e dos privilegiados nos altos cargos do Estado, dos sonegadores e usurpadores das mentes fazendo parecer que tudo é muito justo e idôneo.

Só não vê quem não quer. Só ver já implica em sofrimento. Melhor não ver, mas mesmo assim, há os que lutam e que ainda estão apanhando nas ruas. Não só jovens, professores, bem como outros despossuídos e destituídos de direitos sociais. Até intelectuais, artistas, ativistas estão nesta luta secular pela inclusão que “não tem cara e nunca terá”.

Um acinte, tudo isto, simples assim. Vergonha alheia ao grau máximo. Consternação pelos que aplaudem ruidosamente porque está custando muito caro para o País, tanto quanto custou, por gerações, a ditadura da qual recém saímos.