Opinião | Uma questão de respeito

Imagem: "A Biblioteca", 1960 - Jacob Lawrence/Reprodução

Existem coisas que a escola não é capaz de ensinar. Nem por isso está diminuida a importância de uma sala de aula. Por mais que todo esforço e técnica sejam empregados, a missão de uma unidade de ensino fica limitada por uma série de fatores. O momento vivido pela sociedade é um destes… Ao que parece, a cada semana, ficamos mais distantes da civilidade também dentro do ambiente escolar.

Sobraram notícias estranhas, para dizer o mínimo, nos últimos dias. Uma criança negra fantasiada de macaco em um colégio, em São Paulo, e o ataque a diretora de um educandário público que executou o hino da Venezuela, em Santa Catarina, estão na lista das bizarrices da semana.

A responsabilidade de tudo aquilo que o avançar dos anos forma em nós, como ética, fraternidade, empatia… o respeito ao próximo, dependem muito do coletivo. E, atualmente, parece mais fácil atacar o outro que acolher o próximo.

É estranho encarar que mesmo com tanta modernidade facilitando o compartilhar de tudo, insistimos em seguir o caminho menos bonito e mais segregador. Afastamos e separarmos os pensamentos divergentes. O diálogo é impedido e florescem preconceitos, racismos.

O escritor Nassim Taleb costuma dizer que “basta que uma minoria intransigente que se dedica de corpo e alma para alcançar um nível diminutamente pequeno, digamos 3% ou 4% da população total, para que a população inteira tenha que se submeter a suas preferências”. Tenho certeza que hoje um grupo minúsculo grita, espanca e assusta o país inteiro.

A grande dificuldade, que talvez nem mesmo os melhores mestres possuem uma resposta, é que este pequenino grupo barulhento, violento, não está disposto a aprender a socializar, dividir espaço e construir novas bases que aprimorem o Brasil. O filósofo Sócrates, ao ser questionado sobre as possibilidades de fazer de um ignorante um sábio ele dizia: “minha mãe era uma ótima parteira, mas não poderia fazer uma mulher dar a luz sem estar grávida”.

Não existe mágica. Tudo é sobre o respeito. Ao igual e, principalmente, aos diferentes.

Gosto de lembrar o que ensinou o escravo estóico, Epicteto: “não devemos confiar na massas que dizem que apenas os livres podem ser educados, mas sim nos amantes da sabedoria que dizem que apenas os educados são livres”.

Boa semana!

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