Opinião: os caminhos não escolhidos

Foto: reprodução

Seria muito bom poder embarcar em um DeLorean reprogramado por Dr. Brown e voltar uns bons anos no tempo para repetir, aprimorar ou mudar a história. Ficaria contente em encontrar, novamente, o mesmo adolescente que fui. Aconselhar, deixar algumas palavras para os diversos momentos que viriam. Escreveria em um papel tudo que ajudasse a transformar os dias em algo melhor. Entenda: sempre que chega esta época do ano, de provas finais, vestibulares, Enem, faço uma reflexão sobre as escolhas do passado e o que faria se o ensino médio eu concluísse hoje. A cada marco que fica, parece que está mais difícil pensar sobre o próximo passo que daria agora, qual a opção cursaria e a profissão que fizesse o coração pulsar de alegria.

“Nada é permanente, exceto a mudança”. O pai da dialética, Heráclito, um pré-socrático, não tinha a dimensão do momento que surgiria, mas, anteviu que as pernas não permaneceriam imóveis e os pensamentos seriam como ventos. O mundo realmente foi transformado em uma natureza cada vez mais interligada, acelerada e que a cada giro no eixo acrescenta mais e mais complexidade.

Os templos do saber, as universidades, nasceram para ajudar o homem a crescer como indivíduo e, com o tempo, empurraram o dedicado acadêmico para produção do dinheiro, do exterior ao seu. Compreender que um curso superior é, salvo alguns detalhes, um antigo profissionalizante, faz toda diferença e ajuda e construir a dificuldade de um jovem, aos 16 ou 17 anos de idade, em escolher o quer fazer para o resto de sua vida.

Apesar de os séculos não apresentarem uma resposta definitiva para as dores deste tipo de indecisão, o passar dos anos ajudam a garantir a observação de uma realidade menos sofrida. “Tudo flui e nada permanece”, diria Heráclito. Deixa viver… eu completaria.

No divã, dentro da máquina do tempo que levaria para o fim do meu terceirão, eu aproveitaria os segundos da viagem para escrever a breve carta para o Tarciso que fui. O rascunho seria mais ou menos assim:

“Caro amiguinho, mantenha a calma e vai na fé. Estas coisas são assim mesmo e, no final, muito vai mudar indiferente da sua vontade. Se você está com medo, tudo bem… vai com medo mesmo. Aproveite o momento para fazer amigos e desfrute mais as oportunidades de diversão. E sobre o curso que você deve escolher? Prefira aquele que oferece mais opções de mudanças no futuro e mais tempo de experiência ao longo dos séculos. Afinal, as certezas do mundo e as suas mudarão com o avançar dos anos”.

Em 2004 eu não tinha esta clareza mas, por meio de um livro, uma destas mensagens do tempo chegou para mim: “direi isto suspirando, em algum lugar, daqui a muito e muito tempo: Duas estradas bifurcavam numa árvore, eu trilhei a menos percorrida, e isto fez toda a diferença”, Robert Frost.

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