Opinião: Lockdown sim!

Passado um ano do reconhecimento do Coronavírus como pandemia, estamos hoje vivendo o que projetava-se em março do ano passado. O colapso nos sistemas de saúde em praticamente em todo o Brasil, com pacientes na fila de espera por UTIs, médicos sendo obrigados a decidir quem será salvo e o crescimento no número de mortos.

As respostas dadas pelas nossas autoridades até agora se mostram insatisfatórias no enfrentamento do vírus, primeiro por desconhecimento, depois pelo negacionismo e politização da doença, passando pelas falcatruas de alguns gestores e pela força desta doença sem precedentes no planeta.

Sem a condução de um líder empático com a situação, nosso país ficou a deriva em um mar contaminado, com muitos timoneiros tomando decisões isoladas e contraditórias, marcadas pela pressão política e econômica.

Desde o começo, este jornalista – e o Informe Blumenau- tem escrito que todos tem (sua) razão nesta pandemia, buscando entender as dificuldades enfrentadas por todos, desde aqueles que perderam seus entes queridos até aqueles que faliram seus negócios, passando por pessoas que sofreram com a doença e aqueles que perderam o emprego e sua renda.

Talvez não precisássemos fechar tão cedo no ano passado, talvez foi importante para evitar a disseminação naquele momento, talvez isso, talvez aquilo. Era difícil a decisão dos gestores naquele panorama planetário tão difuso, com muito mais perguntas do que respostas.

Agora, um ano depois, falta a coragem que sobrou para muitos lá atrás, coragem para enfrentar parte da opinião pública, da classe empresarial e política.

Enfim, não é hora de olhar para trás para apontar os responsáveis – se bem que os maus gestores deverão ser responsabilizados, pelo menos pela história, mais isso no momento certo – e sim entender a gravidade que vivemos em março de 2021. E tomar as medidas corajosas que precisam ser tomadas.

E elas passam pelo lockdown geral, efetivo, de pelo menos duas semanas, de forma quase radical, em todo o país, ou, pelo menos, na nossa SC. Somente serviços realmente essenciais devem estar liberados e os passeios familiares aos supermercados devem ser proibidos. E tem que ser de todos, não adianta uma cidade adotar e outra não. O vírus não tem fronteira e precisamos diminuir a possibilidade de circulação dele.

Mas e a questão econômica, como vou sobreviver? Sim, não é uma equação fácil e precisa ser minimizada pelos nossos governantes e não apenas com auxilio emergencial, mas com uma política compensatória efetiva, como a isenção de impostos provisória e alternativas financeiras para quem tem um pequeno empreendimento. Uma situação paliativa para 14 dias.

Vejo deputados, vereadores e prefeitos anunciando recursos para a compra das vacinas, que não existem no mercado. Elas são sim, até agora, uma arma eficaz, mas, pelo atraso do Governo Federal, vão demorar muito ainda para chegarem na quantidade que precisamos. Agora não vejo nenhuma autoridade propondo uma “compensação financeira” para que a maioria da população fique em casa por duas semanas.

É um sacrifício, mais um, de tantos que acostumamos a passar desde que este vírus se instalou entre nós. Mas, além das medidas sanitárias – uso de máscara, higienização pessoal constante e distanciamento -, é preciso tomar uma medida para frear o que estamos assistindo todos os dias.

Parentes, amigos, conhecidos morrendo diariamente. As pessoas com medo.

Lockdown sim!

 

 

2 Comentário

  1. Pois é! Lockdown deveria ser para todos, mas corda arrebenta no lado mais fraco. O pobre é atingido pelo desemprego, por doenças outras, pelo corona, pela falta de utis, etc etc. Já os adeptos do Lockdown, maioria servidores públicos, do judiciário, Ministério Público, legislativo, executivo não tem perda de renda, continuam com seus polpudos salários intactos. O pobre….. só em época de eleição.

  2. Alexandre, vcs da imprensa tiveram um papel importante em tudo que aconteceu até agora. Vcs defenderam tudo isso.Vcs participaram ativamente do desastre feito até agora. Erraram, não foram capazes de buscar alternativas de tratamento, ou melhor exigirem que se buscasse coisas diferentes. Agora o Lockdown , como vc propõe, é um absurdo. Precisamos levar as Utis de volta a 70 % de ocupação, não a 30 % , como fizeram em vários locais. Não temos como resolver isso, sem a contaminação continuar. Temos que levar a ocupação dos hospitais a padrões razoáveis.

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