A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado realiza nesta terça-feira (8) a sabatina de Gabriel Galípolo, indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a presidência do Banco Central (BC). A sessão está prevista para às 10 horas.
Se aprovada na CAE, a indicação segue para análise do Plenário, onde precisa dos votos de ao menos 41 dos 81 senadores. A votação é secreta. Após aprovada, a decisão é comunicada à Presidência da República.
O economista e atual diretor de Política Monetária do BC foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no fim de agosto. Caso aprovado, ele substituirá Roberto Campos Neto no comando da autoridade monetária.
Será a segunda vez que Galípolo participa de uma sabatina no Senado. Por isso, o governo federal espera um resultado positivo e sem grandes percalços.
Na segunda-feira (7), Galípolo participou de uma reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente Lula no Palácio da Alvorada.
Em julho do ano passado, o economista passou pelos trâmites para assumir a diretoria de Política Monetária. Na mesma ocasião, Ailton de Aquino foi chancelado para comandar a diretoria de Fiscalização do BC.
A nomeação de Galípolo já era amplamente esperada pelos agentes econômicos. Antes de assumir uma diretoria do BC, o economista era secretário-executivo no Ministério da Fazenda, considerado o “número 2” da pasta.
Caso aprovado, Galípolo assume o comando do BC a partir de 1º de janeiro de 2025. O mandato de Campos Neto encerra em 31 de dezembro deste ano.
Votação
Ao longo do mês de setembro, Galípolo realizou o tradicional “beija-mão”, com visitas aos gabinetes de senadores de diversos partidos, com objetivo de alinhar expectativas e buscar apoio.
Nesta terça, antes da sabatina, Galípolo deve fazer uma apresentação inicial sobre sua trajetória como economista. Depois, os integrantes da Comissão poderão fazer perguntas sobre seu trabalho e seus objetivos caso assuma o cargo no BC.
O relator da indicação na CAE é o senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, que já divulgou o parecer.
No documento, o congressista afirma que o currículo de Galípolo “revela o alto nível de qualificação profissional, a sua larga experiência em cargos públicos e a sua sólida formação acadêmica, com a devida capacitação em assuntos econômico-financeiros”.
Apoio de Campos Neto
O atual presidente da autoridade monetária se empenhou pessoalmente nos esforços para a aprovação de Galípolo para o cargo.
Com bom trânsito na oposição, Campos Neto entrou em contato com senadores ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e defendido o nome escolhido por Lula.
Recentemente, Campos Neto disse que a autarquia ter em seu corpo “dois presidentes” é “maravilhoso” e permite uma transição mais suave.
“É maravilhoso ter dois presidentes, porque significa que estamos fazendo uma transição da forma mais suave possível”, disse durante divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, em São Paulo.
Em sua fala, Campos Neto disse acreditar que as sabatinas vão “transcorrer com naturalidade” e que vem destacando a senadores a importância de que haja uma transição suave na “parte institucional” do BC.
Ainda sobre o tema, o presidente do BC indicou que esta transição entre presidentes — a primeira desde a autonomia operacional da autarquia — é um “grande teste” e vem mostrando a maturidade institucional deste modelo.
Críticas de Lula ao BC
A sabatina ocorre meses após reclamações de Lula e aliados à gestão de Campos Neto ao longo dos últimos meses. O presidente criticou em diversas ocasiões o patamar da Selic, a taxa básica de juros definida pelo BC. O tema deve ser explorado pelos congressistas durante a sabatina.
Lula também já pontuou do fato de Campos Neto ter sido indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e permanecer à frente do cargo durante a gestão petista. Os mandatos de presidentes da autarquia duram quatro anos.
Outro tema em destaque nas últimas semanas e que pode ser explorado durante a sabatina é o levantamento do Banco Central sobre o uso do Bolsa Família em apostas online. Dados do BC apontam que, em agosto deste ano, beneficiários do programa social transferiram R$ 3 bilhões a empresas de apostas por meio de Pix.
Fonte: CNN Brasil
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