A derrota política da extrema-direita

Foto: Rodolfo Espínola/Agência AL

As recentes eleições para a presidência do Senado e da Câmara dos Deputados, e da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Santa Catarina mostram um freio para os políticos da extrema-direita. A situação mais emblemática aconteceu na eleição do parlamento catarinense.

No estado considerado o mais bolsonarista do país, o eleitor elegeu, com larga vantagem, o governador Jorginho Mello (PL), ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e uma grande bancada de deputados estaduais – 11, de 40. Ou seja, fez barba e bigode. Mas insuficiente para ter sucesso na primeira eleição política que participou.

Mesmo tendo o governador e mais de 1/4 das cadeiras do parlamento, o partido teve que abrir mão do sectarismo ideológico de alguns de seus filiados para não sofrer uma derrota ainda mais acachapante. Depois de perceber que não iria conseguir eleger seu preferido para a presidência – José Milton Scheffer, do PP – a sigla foi obrigada a abrir mão de um acordo interno, feito ainda antes da eleição. Quem fosse o mais votado da bancada estaria na Mesa Diretora.

A deputada estadual reeleita, Ana Campagnolo, além de ser a mais votada do partido foi a mais votada em Santa Catarina, com impressionantes 196.571 votos e queria ocupar a vaga de 1ª vice-presidente. Mas foi rifada do eclético acordo que formou a Mesa, conduzido pelo experiente deputado Júlio Garcia (PSD), que garantiu a vitória de Mauro de Nadal (MDB). E, curiosamente, foi rifada a pedidos da bancada dos partidos de esquerda – PT, PDT e PSOL -, que não quiseram participar de uma negociação que envolvesse uma política conhecida por suas posições extremistas.

O PL entregou os anéis, mas não os dedos. Trocou Ana Campagnolo pelo experiente Maurício Eskudlark, que será o vice-presidente neste ano, com Nilson Berlanda, também do PL, assumindo em 2024. A decisão antecipou o primeiro racha na maior bancada da Assembleia, visto que Ana, Jessé Lopes e Sargento Lima votaram contra a chapa escolhida.

Até o próprio PL sabe que os três deputados representam um momento da política que precisa ser superado. A política é a arte da conciliação, do diálogo e da construção do entendimento, mesmo na divergência, e não do radicalismo, seja ele de que lado for.

A eleição do Senado foi assim também. Mesmo elegendo uma sólida base, com alguns parlamentares conhecidos por sua ligação com o ex-presidente, como Damares Alves, o astronauta Marcos Pontes e o catarinense Jorge Seif, não emplacou seu candidato a presidente, Rogério Marinho (PL), nem com ex-primeira-dama Michele Bolsonaro fazendo campanha nos corredores do Senado.

Marinho perdeu para o candidato à reeleição, Rodrigo Pacheco (PSD), que em seu discurso depois de eleito, destacou a Democracia e criticou as manifestações golpistas que vem do bolsonarismo radical.

E na eleição da Câmara dos Deputados, o atual líder do Centrão, Arthur Lira (PP), ex-aliado de Bolsonaro, reelegeu-se com uma tranquilidade impressionante, quase uma unanimidade, recebendo votos de todas as siglas, entre elas PT e PL.

É a vitória da política sobre o extremismo. Não há problema ser de direita, centro ou esquerda. O problema acontece quando, com posições extremadas e baseadas muitas vezes em fake news e informações distorcidas, um grupo quer ganhar no grito. Foi derrotado na eleição de 2022 e sofre nova derrota nos parlamentos.

 

1 Comentário

  1. Bolsonaro enterrou o bolsonarismo e jogou fora a chance que a direita teve no poder. Pura incapacidade política, além, é claro, da colaboração dos filhotes e suas rachadinhas… Resultado desse despreparo é que teremos que aturar a quadrilha do PT e seus comparsas por mais quatro anos… no mínimo!!!

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