Em outubro de 2023, quando houve alguma enchentes no Vale do Itajaí, o governador Jorginho Mello (PL) mandou a tropa de choque da PM para garantir que a Defesa Civil do Estado pudesse entrar na reserva de José Boiteux e tentar fechar a comporta que existe no local. A barragem é vital para evitar mais problemas para cidades como Blumenau. Cansada de promessas, a comunidade indígena se mobilizou para protestar quando os holofotes da chuva apontaram para a região onde ela mora.
Menos de dois anos depois, Jorginho Mello esteve em José Boiteux nesta terça-feira, 12, para que o Estado finalmente atenda o que sempre prometeu para a comunidade e assinou as ordens de serviço para obras de melhorias estruturais e sociais para a comunidade indígena Laklãnõ-Xokleng e municípios impactados pela Barragem Norte. A previsão de investimento é de cerca de R$ 70 milhões e vem 22 anos depois da decisão judicial que determinou a melhoria.
“Isso é segurança para todo Alto Vale, estamos falando da barragem de José Boiteux, uma barragem que não deram atenção necessária por 22 anos. Estamos resolvendo pendências para melhorar a segurança da barragem, reformar, atender a comunidade indígena, construir casas, ponte, estrada. O governo federal e o Governo do Estado foram condenados lá atrás para fazer e não fizeram. E nós estamos resgatando para ter uma relação amigável, respeitosa com a comunidade indígena”, disse o governador.
Após 22 anos de espera, começa a ser cumprida a decisão judicial de 2003. A medida, herdada de governos anteriores, está sendo executada na gestão atual e representa um marco no relacionamento do Estado com as comunidades atingidas.
O ex-prefeito de Blumenau e hoje secretário de Estado de Proteção e Defesa Civil, Mário Hildebrandt (PL), teve papel fundamental na negociação com as lideranças indígenas.
“Cumprir o que foi prometido é um ato de respeito, não de favor. Estamos executando um compromisso firmado há mais de duas décadas, garantindo dignidade às famílias, fortalecendo a segurança da barragem e promovendo desenvolvimento. Esse é um trabalho feito com diálogo, planejamento e responsabilidade”, ressalta.
O pacote de investimentos anunciado pelo governador ultrapassa R$ 70 milhões e inclui a manutenção e melhorias na estrutura da barragem, como limpeza e substituição da tampa do tubulão, além da contratação da Celesc para a manutenção das comportas. Também contempla a atualização do Plano de Contingência, que já resultou na entrega de 1.078 cestas básicas às famílias indígenas e terá a composição dos alimentos ajustada conforme solicitação da comunidade.
Na área habitacional, estão previstas 33 casas, uma casa pastoral e uma igreja em José Boiteux, 10 casas, uma casa pastoral e uma igreja em Vitor Meireles, e três casas em Itaiópolis. O pacote ainda inclui a elaboração e execução de projetos para a construção de uma escola, um museu, um campo de futebol e sanitários; a implantação e macadamização da estrada que liga a Aldeia Bugio ao município de José Boiteux, incluindo a construção de uma ponte sobre o rio Platê; a reforma geral da barragem; e a aquisição de novas comportas com sistemas de automação.
Também ficou determinada a construção de mais 40 outras casas. Desta vez, fruto de uma decisão judicial sobre as moradias nas aldeias atingidas pelas enchentes. Ainda haverá um levantamento para escolha do melhor local para a construção.
“É uma alegria, governador, ter você aqui na nossa cidade e é claro, fazer da nossa cidade alguma coisa que se vinha há 22 anos esperando alguma coisa dessa barragem. Obrigado por ter sido parceiro aqui ao senhor governador, ao secretário de Defesa Civil. Quero dizer para vocês que a prefeitura está de portas abertas Nós queremos ser o meio campo para as execuções das ações”, disse o prefeito de José Boiteux, Geovani Lunelli, em seu discurso.
“Este foi um passo importante. A comunidade vem aguardando isso e está com expectativa para o começo das obras” , disse o cacique chefe, Setembrino Camlem.
No ato político, participaram dois vereadores de Blumenau, Alexandre Matias (PSDB) e Jovino Cardoso Neto (PL).





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