Trump diz que Brasil passa por “surto” de Covid-19 e volta a falar sobre restrição de voos

Foto: reprodução/Jim Bourg

Admirado por Jair Bolsonaro (sem partido), Donald Trump, presidente norte-americano, disse em entrevista coletiva nesta terça-feira, 28, que o “Brasil tem praticamente um surto” do novo coronavírus e comentou que segue atentamente as informações que chegam do país.

A entrevista aconteceu no Salão Oval da Casa Branca, em conjunto com o governador da Flórida Ron De Santis, que expressava preocupação com a potencial chegada de brasileiros contaminados a Miami.

“O Brasil tem praticamente um surto, como vocês sabem (…) se você olhar os gráficos você vai ver o que aconteceu infelizmente com o Brasil. Estamos olhando para isso bem de perto”, disse Trump.

O posicionamento do aliado prioritário de Bolsonaro contraria as declarações que o próprio presidente brasileiro tem feito em relação à situação da epidemia no Brasil.

Bolsonaro já chegou a minimizar a doença e não concorda com as medidas de distanciamento social, adotadas no mundo todo, inclusive nos Estados Unidos, para reduzir o contágio pelo vírus.

Sua postura levou à demissão do então ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, que advogava pela quarentena, há duas semanas. O país tem mais de 71 mil casos da doenças e já passa das 5 mil mortes.

Embora não tenha poder para interferir nas políticas locais de combate à epidemia, o presidente tem pressionado os governadores pelo fim das quarentenas e uma reabertura da economia nos Estados.

Voos

Trump questionou De Santis se ele não cogitava banir voos do Brasil para a Flórida. O governo federal americano tem estudado uma medida como essa há mais ou menos um mês e o próprio presidente já havia mencionado essa possibilidade no começo de abril.

Trump afirma que sua gestão terá uma definição sobre essa possibilidade em breve. O Departamento de Estado afirma que nenhuma medida será anunciada por enquanto.

“É uma coisa muito impactante de ser feita. Fizemos isso com a China, fizemos com a Europa. Mas é algo impactante, especialmente para a Flórida que tem tantos negócios com a América do Sul”, reconheceu o americano.

O Brasil é o principal parceiro comercial do Estado americano. Na Flórida também vivem quase 400 mil brasileiros, um terço da comunidade de migrantes do Brasil no país. No início de março, Bolsonaro esteve em Miami para uma visita de estímulo a parcerias comerciais.

Na ocasião, chegou a receber a chave da cidade das mãos do prefeito Francis Suarez, que testou positivo para covid-19 poucos dias após o retorno da comitiva ao Brasil.

Mais de 10 integrantes da equipe da viagem presidencial, incluindo o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, também contraíram a doença.

Teste rápido para brasileiros antes do embarque

O governador da Flórida descartou o banimento de voos do Brasil por enquanto, mas afirmou cogitar tornar obrigatória a testagem rápida dos passageiros para covid-19 pelas companhias aéreas, antes do embarque.

“Eu estou preocupado com isso [voos do Brasil] o tempo todo. Eu acho que o Brasil é um dos lugares com mais interação com Miami e você vai provavelmente ver a epidemia crescer lá conforme a estação do ano mudar [para o inverno]”, afirmou.

Segundo De Santis, o risco é que brasileiros voltem a trazer a doença para a Flórida em um momento em que o Estado luta para debelar a epidemia.

Ele, no entanto, reconheceu que o surto na Flórida está mais relacionado à chegada de pessoas contaminadas de Nova York ao Estado do que a voos internacionais.

Na prática, a maior parte dos voos entre Brasil e Estados Unidos foi cancelada e o fluxo aéreo entre os dois países caiu em mais de 80% desde março.

As informações são da BBC News Brasil

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