Se tem uma coisa que aprendi nestes mais de 57 anos de vida e 34 anos de jornalismo é ter opinião, mas ao mesmo tempo nunca querer ser dono da verdade. Ainda mais como proprietário de um veículo de comunicação que se propõe plural como o Informe Blumenau.
Nesta quinta-feira escrevi sobre um tema controverso e cujo o senso comum já está formado, que é o uso de recursos públicos por partidos políticos durante a eleição, o Fundo Eleitoral.
O Adilson Souza, presidente do Partido Novo em Blumenau, me enviou reservadamente uma série de considerações sobre o que escrevi, contrapondo-as a minha opinião. Perguntei a ele se poderia publicar, dando vazão ao ponto de vista dele, no que ele concordou.
É o que faço abaixo. Nosso texto, em forma de opinião, você confere aqui.
Segue o texto do Adilson, segue na íntegra. Quando você ler a expressão “bem democrático” é uma ironia dele ao que postei.
Não tenho a intenção de fazer mudar de opinião sobre fundão eleitoral, apenas ponderar:
1o. Os 10 partidos que mais se beneficiarão do roubo institucional irão receber R$ 3,4bi (70,36% do total)
“bem democrático”
2o. Este dinheiro é administrado pelos presidentes de partidos e eles é que determinam quem eles querem eleger e nestes candidatos jogam os valores mais expressivos.
“bem democrático”
3. O ‘por fora’ depende da honestidade dos gestores de campanha e irão acontecer com ou sem fundão. Gestores com boa índole seguem as regras impostas, gestores mal intencionados conseguem burlar qualquer regra
4o. O dinheiro do fundão, se usado só na infra estrutura de SC, por exemplo, daria para completar a BR470 do litoral ao extremo Oeste e ainda sobraria para muitas outras obras não menos importantes. Creches, hospitais, segurança, etc…milhares de vidas salvas desta carnificina, noticiada diariamente, sem contar a dor interminável dos entes queridos que choram suas perdas
5o. Como o orçamento é finito (não sobra dinheiro público à rodo, fatalmente é desviado de algum outra ação, que com certeza seria de muito maior prioridade que financiar políticos, para melhorar a vida (principalmente) dos menos favorecidos, os que realmente sofrem na pele a ausência do Estado. Roubado à força, de todo cidadão que não concorde em financiar campanha política de vigaristas.
Diga não ao Fundão. Não há democracia alguma quando são os caciques políticos que decidem quem eles querem que o eleitor veja a fotinho na urna.
Num país de tantas desigualdades, onde milhares dormem na rua, catam comida no lixo, milhões são dependentes do auxílio do Estado para sobreviver, tornando-se reféns de medidas eleitoreiras, trabalhadores dedicam 5 meses do seu trabalho, para contribuir com os cofres públicos, recebendo em troca nada ou quase nada, é triste ver que políticos se lambuzam na farra do “fundão eleitoral”.
Sem contar, que além deste, ainda tem o Fundo Partidário, que sustenta os partidos políticos todos os anos, inclusive nos que não ocorrem eleições.
Adilson Souza, empresário, presidente do Partido Novo de Blumenau
Não se pode achar normal, num país na situação do Brasil, destinar 5 bilhões dos nossos suados impostos para fazer campanha política.