Opinião: uma aula de cultura

Imagem: Josué de Souza/Arquivo Pessoal

Entre os brasileiros, os indígenas estão entre os grupos mais sensíveis frente as dificuldades produzidas pela COVID-19. Os riscos de infecção e morte pelo vírus soma-se à violência já sofrida pelos povos tradicionais desde a chegada de Bolsonaro à Presidência. Uma equação que o resultado produz morte e ameaça de extermínio.

Os ataques do governo Bolsonaro à população indígena não são novidade. O presidente que, quando era deputado, lamentou que “cavalaria brasileira não tenha sido tão eficiente quanto a americana, que exterminou os índios” está cumprindo sua agenda de campanha de “Não ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola” e ainda “desmarcar as já existentes”. Desde que o genocida chegou à presidência a violência, a esta população, cresceu mais do que o dobro.

Já em 2019 o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) alertava, por meio do relatório “Violência contra os povos indígenas no Brasil”, que as invasões e danos ao patrimônio indígena chegava a ordem de 256 casos, 135% a mais do que no ano anterior, que atingiram 143 povos e 151 terras indígenas em 23 estados. Desde o primeiro caso de coronavírus, a necessidade de isolamento social tem agravado a situação. Em algumas comunidades a fome se faz presente.

Proteger os povos tradicionais e a sua diversidade cultural, seu patrimônio material e imaterial não é apenas uma necessidade humanitária. A proteção dos seus saberes e do seu modo de vida, guarda ensinamentos que podem servir para solucionarmos os dilemas construídos pelo modo de vida moderno. Diferente do que pensa Bolsonaro e seu seguidores, não são os indígenas que devem incorporar nosso modo de vida, somos nós que devemos apreender a conviver em harmonia e respeito ao meio ambiente. Aliás, desde os mais clássicos estudos antropológicos brasileiros, já está provado que foi o conhecimento dos indígenas, sobre a natureza e o território brasileiro que permitiu a fixação do homem europeu por essas terras.

Um dia desses, respeitando o afastamento social e os cuidados necessários para evitar a transmissão do COVID-19, fui entregar alimentos e roupas que foram arrecadados por integrantes do NEI-FURB (Núcleo de Estudos Indígenas) para uma aldeia Mbya Guarani aqui em Santa Catarina. Tentando não constranger o grupo com fotografias, pedi autorização ao cacique para fotografá-lo ao lado das doações, assim conseguiria mostrar aos meus amigos que a entrega havia sido feita. “Espera,” disse ele, “Vou te dar um presente que ninguém vai duvidar que você esteve aqui” disse ele. Correu dentro de casa e voltou com uma pequena escultura de uma coruja.  Agradeci o cacique. Não somente pelo mimo da escultura, mas pela aula de cultura que eu tinha acabado de receber.

2 Comentário

  1. É Sr.(Cientista…)Josué.
    Já pedi para você se instruir mais em artigo anterior. Mas, não parece que isso aconteceu.
    Continuar chamando o Nosso Presidente Bolsonáro de genocida, é no mínimo um ato de mal educado e falta de respeito a maior autoridade do Brasil(parece que a educação passou longe).
    Quanto ao seu ataque estérico ao Bolsonáro na questão indígena, continuo dizendo,”VAI SE INSTRUIR MAIS” e depois escreva sobre o assunto. O presidente está fazendo/dando a chance ao indígena de fazer oque Ele sempre pediu -TRABALHAR PARA SER IGUAL AOS OUTROS BRASILEIROS – e não viver de esmolas. Não demonstre tanto ser tão rancoroso/esquerdista, porque não há mais lugar para isso nesse pais.
    A nossa Bandeira jamais será vermelha.

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