Opinião: memórias do Sabiá, a rua Itajaí e outros “babados”

Foto: reprodução

Eis que, não mais que de repente, ressurge o inefável Sabiá à minha frente. Desta feita na minha casa. E ele me explicou que vinha me visitar porque sabia que eu era “cagão” e ficaria prudentemente trancado em casa por conta do Covid solerte e perigoso.

Antes de prosseguir acho que alguns ainda se lembrarão do Sabiá, amigo desde as priscas eras, a cujo pedido escrevi a primeira parte das memórias (e que esse maravilhoso portal do Alexandre Gonçalves gentilmente publicou). O Sábia me pediu que te agradecesse, Alexandre.

Prolegômenos ultrapassados, vamos lá: o meu irrequieto parceiro me lembrou que pré-adolescente ele se mudou com a família até a Rua Itajaí, coladinho ao HSA. E passou a falar de amigos e vizinhos, hoje todos avançados na idade, alguns até se foram, mas todos se tornaram profissionais renomados.

Cito ou não cito alguns nomes? Alexandre Ferreira (carinha que sempre foi primeiro aluno em tudo e médico brilhante e humanista), Udo Medeiros e Paulo Eberhardt – também médico, (o Paulo faleceu muito jovem). Hah, sim! e o Ralf Lauterjung, tenista e professor de tênis. E ainda os irmãos Hahne da construtora. Toda uma claque, de saudosos passeios de canoa pelo Itajaí-Açu (a gente pegava até camarão pistola, imaginem!) e peladas de futebol (no alto do morro do Aipim, coisa de doido) e até de botão. Sim, havia ainda os torneios de futebol de salão na casa do Dr. João de Borba ali na Ponta Aguda. Fazíamos um time da Rua Itajaí (e nunca ganhamos torneio algum). Enfim, o importante é competir (será?).

Daí o nosso “passarinhesco” amigo (perdão pelo “neologismo) saltou para as lembranças do nosso pioneirismo em trazer o Curso Científico para o matutino do Pedro II (o Joca Floriani era o Diretor). E novamente deitou os nomes: Ivan Brueckheimer (dentista, que já nos deixou), o Paulo Sérgio de Alcântara Pereira (virou um dos 5 melhores árbitros de tênis do mundo), o Jornalista Norton Azambuja (também foi cedo), Walfrido Ávila, engenheiro (onde andará?) e muitos mais.

Falou do nosso ativismo na política estudantil, na antiga UBE (reuniões de grandes e acalorados debates e, dedo em riste, lembrou das muitas lideranças que de lá (ou dos Centros Acadêmicos) surgiram. Três Prefeitos – Dalto dos Reis, Renato Vianna e Vitor F. Sasse e uma série de lideranças, professores e até o publicitário e grande contador de histórias, o Curt Nees.

Falando da UBE, lembrou-se das festinhas que eram promovidas pela União e do bailes das normalistas (angariar fundos para viagem de formatura) em geral no Carlos Gomes. Quanta paquera, quantos namoros e muitos casamentos tiveram origem lá. Às vezes eram conjuntos musicais, mas também orquestras abrilhantavam os eventos. Lembram do “Erinho e seu conjunto”? Ahá! Eram tempos em que os pais acompanhavam as filhas e a gente tinha que pedir permissão para o “bigodudo” pai para tirar a moçoila para dançar.

E as matinês de domingo? No Cine Blumenau, 16 horas, seguido de um desfile a pé pela XV (para mostrar as namoradas e namorados). Todo mundo em roupa de domingo. Antes, de manhã, missa das 10 na Matriz. E daí almoço caprichado em casa .

Havia os sem namorada, os “excluídos”, que se dirigiam até o “Aquarium” restaurante e bar no térreo do Grande Hotel. Sentavam às mesas postas do lado de fora e ficavam paquerando, apreciando o cenário feminino ou simplesmente bisbilhotando o “footing” (anglicismo local e inexistente na língua inglesa) de todo domingo.

No verão todos iam para Camboriú, onde a maioria era de Blumenau. A gente conhecia quase todo mundo e sabia quem morava onde, a tal ponto que marcávamos as peladas “na frente da casa do fulano”. À noite ou finais de tarde o ponto era no “Marilús Bar” na avenida central. Ali rolava uma rivalidade cordial com a turminha que vinha de Itajaí.

O Sabiá lembrou que chegou a voltar à Itoupava Seca, onde se reencontrou com velhos amigos, se bem que nunca deixaram se ver (aliás, estiveram juntos agitando a UBE). Hélio Vetter (fez brilhante carreia na antiga Telesc, onde chegou a Diretor) e o Dr. Aníbal Nascimento (que também partiu precocemente sem antes deixar de criar folclore e peripécias).

Pois é, arrematou o Sabiá, daí eu fui embora. Estudar em Resende naquela famosa escola superior e, bem, a vida acelerou … e cá estamos (entendeu Cá ?)

Valeu, Sabiá!

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