Opinião | A era dos cárceres virtuais

Imagem: reprodução

Estamos na era dos mendigos emocionais que precisam de muitos cliques, lacração e estímulos para sentir migalhas de prazeres emocionais. No século XXI estamos diante da geração mais doente e depressiva que já pisou no teatro da humanidade. As estatísticas são espantosas. Segundo a Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, uma em cada duas pessoas tem ou vai desenvolver um transtorno psiquiátrico ao longo da vida. Isso é grave, é metade de uma sala de aula, de uma empresa, de uma cidade e menos de um por cento vai se tratar. Por que o tratamento é caro e falta psicólogos e psiquiatras com experiência, além das pessoas não admitirem e negarem olhar para dentro de si e reconhecer suas fragilidades, suas fobias e suas mentes agitadas. Estamos na era do estresse e da sociedade doentia, que não sabe e não consegue se proteger mentalmente.

Existe vários tipos de dependência, a digital é uma delas, a intoxicação digital está afetando nossos estudantes, que estão ficando de 6 até 10 horas por dia na frente dos celulares, nas redes sociais. Uma pessoa dependente digitalmente de celulares não consegue se separar dele sem um stress enorme. Quando fica uma, duas ou três horas sem celular começa a apresentar sintomas da síndrome da abstinência, como irritabilidade, aversão ao tédio, querer tudo rápido e pronto, elas não conseguem mais se encantar com a vida. Infelizmente a era dos celulares e da internet que trouxe uma produtividade enorme, acesso a democratização de dados e das conexões sociais, trouxe a reboque um efeito colateral importantíssimo em crianças, adolescentes e adultos.

Nós estamos na era dos transtornos emocionais, que está atingindo grande parte dos população e principalmente dos adolescentes, precisamos usar dificuldades, perdas e crises para escrevermos os capítulos mais importantes das nossas vidas. A fadiga ao amanhecer, dores de cabeça, coceira, dores musculares, perda de cabelo, nó na garganta, aperto no peito são gritos de alerta de quem sofre da Síndrome do Pensamento Acelerado causado pela nomofobia, que é o medo irracional de ficar sem o celular e conectado as redes sociais.

Estamos vivenciando os cárceres mentais, onde pais, empresários, professores, a escola e a sociedade em geral, não estimulam o pensamento crítico e a enfrentar as dificuldades, a não ter medo de enfrentar a vida como ela é fora do mundo virtual da lacração. Crianças, adolescentes e adultos que não conseguem se reinventar, se abraçar, sequer dar risadas de falhas suportáveis. Precisamos conversar mais pessoalmente e deixar os celulares de lado, olhar mais para os nossos filhos, amigos, pais, professores, descobrir o encantamento de enxergar o outro para além das telas dos celulares, pela janela da alma os olhos.

Teresinha Cardoso, professora e socióloga

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