Há cerca de 20 anos, quando não estava atuando em veiculo de comunicação, trabalhei na linha de frente de uma determinada campanha eleitoral. Antes de começarmos, ficamos sabendo que o candidato tinha um Boletim de Ocorrência contra ele. Ele era uma figura maravilhosa, bondosa, mas tinha uma ocorrência contra ele relacionada a sua vida privada. Nós, que estávamos por dentro, sabíamos o contexto do que tinha ocorrido, e não era bem assim o que aconteceu. Mas os adversários eleitorais sabiam e isso foi uma espada nas nossas cabeças durante todo o período eleitoral e acabou vindo a público na reta final, culminando com uma derrota que estava se encaminhando.
Escrevi esta situação para dizer que quando se começa uma campanha eleitoral com o candidato tendo que explicar situação A ou situação B é um problema, independendo da acusação ser verdadeira ou falsa, de ter sido comprovada ou não. Em 2020, quando tentava voltar a ser prefeito, João Paulo Kleinübing optou, na largada do período eleitoral, a dar publicidade aos fatos relacionados a Operação Tapete Negro, ocorrido no final do seu segundo mandato, em 2012. Antes que falassem, deu visibilidade a documentos que mostravam que ele havia sido inocentado, numa estratégia de marketing arriscada. Não perdeu a eleição por conta disso, mas uso como exemplo para mostrar a preocupação com este tipo de coisa.
Trato deste assunto para analisar o real motivo que está por trás da resistência do governador Carlos Moisés (Republicanos) em aceitar o nome de Antídio Lunelli (MDB) como seu candidato a vice, que se manifestou sobre o assunto para o colunista Moacir Pereira nesta quarta-feira.
Como é um fato pessoal, me abstenho de tratar dele, mas como o ex-prefeito de Jaraguá do Sul se manifestou para o jornalista e para membros do partido, revela a preocupação com que o fato – verdadeiro ou não – pode repercutir na campanha eleitoral.
É esta preocupação de Moisés e de quem o cerca. Diga-se de passagem, o próprio governador tem o carimbo da desastrada aquisição de 200 respiradores pelo Governo do Estado , que, mesmo com toda explicação a favor, também deverá ser usada pelos adversários, assim como o pré-candidato do União Brasil Gean Loureiro tem contra si situações pessoais que podem vir a tona numa disputa eleitoral.
Moises só ganha utilizando o dinheiro público e os prefeitos que até ontem corriam dele , mas após abrir a torneira de investimentos a favor de sua campanha , conseguiu apoio .
Dignidade na política é algo que não existe .