Escola sem mordaça

Ilustração: Andes UFSC

Ana Paula Lima

Deputada Estadual PT

 

 

Edmund Burke, filósofo, membro do parlamento londrino no século XVIII dizia que “aqueles que não conhecem a história estão fadados a repeti-la”, hoje, contudo, lamentavelmente, é possível afirmar que mesmo quem conhece a história se surpreende com o retrocesso que está sendo protagonizado em nosso país.

Na Educação tudo o que está sendo forjado, como por exemplo,a proposta da Escola Sem Partido,enseja a desagradável sensação de um Déjà vu.

Refiro-me a 1964 quando foi sancionada a Lei n. 4.464 (Lei Suplicy de Lacerda) que colocou na ilegalidade a UNE e demais Uniões de Estudantes, destarte empurradas para a clandestinidade. Tentaram calar as vozes e reprimir a consciência de toda uma geração de brasileiros.

Agora com os projetos de“Escola Sem Partido”buscam impedir o debate plural sobre temas cruciais como as questões de gênero, religião e direitos humanos.O propósito é o de obliterar a pedagogia do livre pensamento e, consequentemente de transformação do establishment.

Trata-se de proposta que supõe uma escola dentro de uma redoma e projeta espaços impermeáveis à realidade social. Desconhecem que não existe ciência social sem ideologia, aliás, não existe ciência sem ideologia. Não existe conhecimento sem ideologia.

É preciso entender que a interpretação atual do termo ideologia transcende à Política, influencia todas as dimensões da vida humana associada e, por isso passou a ser encarada como determinante para a forma da pessoa se relacionar com os objetos, com outras pessoas e até com a natureza;

A proposta da Escola Sem Partido é no mínimo ingênua do ponto de vista epistemológico e perversa porque omite que ao procurarem censurar a ideologia estão se portando ideologicamente. O viés conservador do projeto, além de impedir que a educação cumpra seu papel emancipador, também procura impedir o conhecimento da história de lutas e resistência.

Defendem enquadrar o pensamento sob a falácia de que a “realização de atividades que possam estar em conflito com as convicções religiosas ou morais dos pais ou responsáveis pelos estudantes”.

Não ao obscurantismo! Sim à “Escola Sem Mordaça”!

1 Comentário

  1. Penso que deveriam ensinar política nas escolas , mas a verdadeira política , talvez assim no futuro não tenhamos políticos ladrões, mal carater e sem dignidade .

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