Chamado ao bom senso!

Luiz Carlos Nemetz

advogado

 

O clima político no país está tenso. Há radicalização de todas as cores. À direita e à esquerda.

O debate ideológico não é um conclave de frades (o que aliás, nem sempre é tão pacífico quanto parece), mas não precisa se transformar numa praça de sangue.

O ódio, o preconceito, os desencontros, a corrupção, a injustiça social, a horda de canalhas que aparelhou o Estado, os assassinatos, os desarranjos sociais mais absurdos não foram plantados hoje.

Vêm sendo semeados e cultivados há décadas.

Os Cabrais (me refiro a uma casta para simbolicamente identificar a todas as outras) não ganharam o poder na rifa.

A esquerda e a direita, o centro e a turma da arquibancada sabem disso.

Todos nós de alguma forma, participamos com nossa quota de responsabilidades. Por ação ou omissão.

A hora é de aumentar as distâncias ou buscar consensos, ainda que mínimos? É de ter-se paciência ou de provocações? De tolerância ou de incitamento? De buscar adoçar ou de amargar ainda mais a convivência de diferenças idearias? A hora é de lutar pela paz ou para aumentar as fronteiras de guerra? De união ou de mais divisões? De ódio ou de compreensão?

Não prego a pasteurização da sociedade. Nem varrer os nossos problemas para debaixo do tapete.

Nem anistia aos corruptos, ladrões, assassinos, traficantes, milicianos, mafiosos ou bandidos. Isso seria ingenuamente irracional.

“Política é a arte de administrar os contrários”.

Não será expandindo as diferenças, remoendo os rancores, nem com fel, nem com ira, nem com cólera ou com violência ideológica (falada, escrita, praticada, direta ou subliminarmente) que conseguiremos avançar para sair desse lamaçal.

As ideologias clássicas faliram na prática no Brasil! Todas elas têm direta ligação e responsabilidade com tudo o que estamos vivenciando de ruim no campo social e político nos dias atuais.

Então é hora de chamarmos o bom senso.

De tentarmos exaustivamente, um novo caminho de democracia pela prática do diálogo. Sem fugir dos fundamentos e dos princípios de cada quadrado deste quebra-cabeças sociológico chamado Brasil.

Na marra não foi. E na marra não vai. A seguirmos essa trilha teremos conflitos sociais imprevisíveis, com muito sangue derramado, o que só interessa aos que dele se beneficiam: o crime organizado, a liderança de corruptos via o aparelhamento do Estado, o comando do crime organizado.

A perspectiva de curto prazo é o país ter uma guinada perigosíssima para correr o risco de ser dirigido por mais um lunático. É isso que precisamos? É isso que queremos?

Esse é o sonho dos abutres: os nacionais e os internacionais. Juízo e concessões mútuas. Tolerância e diálogo democrático. Encontrar consensos ou construir consensos. Talvez seja essa a receita para a febre de insensatez que é o sintoma da crise que estamos atravessando. Se isso já deu certo na história?

As biografias de Gandhi e Mandela indicam um bom caminho para encontrar saídas para conflitos sociais graves.

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