A Advocacia na Era Uber

Pedro Cascaes Neto

advogado

 

Vivemos tempos de uma evolução tecnológica a passos exponenciais. Estamos na fase em que diversos serviços tradicionalmente prestados estão sendo alterados por completo, ou mesmo eliminados.

Como exemplo disso, faz-se algumas simples menções: os táxis estão sendo substituídos pelos serviços de compartilhamento de carros, em caronas solidárias, por aplicativos de smartphones, assim como a venda propriamente dita das viagens pelo “Uber” e outros congêneres; As tradicionais redes hoteleiras estão perdendo espaço em velocidade assombrosa, pela atuação de aplicativos de locação direta como o “Airbnb”; As residências estão perdendo os seus telefones fixos e substituídos apenas por celulares; As lojas de varejo, perdendo espaço para a venda virtual. Os livros de papel, tornando-se e-books, culminando no fechamento de milhares de livrarias. As cartas em papel viraram e-mails e mensagens de “Whatsapp” que, aliás, está transformando as telecomunicações e reduzindo drasticamente a venda de serviços de telefonia para a venda de serviços de dados.

As redes sociais, como “Facebook”, “Linkedin” e “Twiter” não estão mudando as relações sociais, já as revolucionaram completamente.

O que isso tudo tem a ver com a advocacia? Tudo! Os processos judiciais já são eletrônicos, eliminando o papel e, também, favorecendo a distribuição de ações massivamente, de atos judiciais por modelos pré-formatados, enfim, trazendo uma nova dinâmica à forma com que conhecíamos os processos no Brasil.

As leis,jurisprudência, artigos científicos, doutrina, enfim, todo o arcabouço jurídico está à distância de uma consulta no “Google” (que acabou com as enciclopédias), fazendo com que qualquer pessoa, advogado ou não, tenha acesso às informações – até mesmo do andamento processual dos seus casos, facilmente acessível pelos portais dos Tribunais de Justiça.

Já existem programas “em funcionamento” que elaboram contratos, bastando o preenchimento de informações essenciais, bem como sistemas capazes de, com o preenchimento de informações suficientes, produzir peças jurídicas mais complexas, como petições, despachos e decisões judiciais.

O que acontecerá com a advocacia no Brasil? Em primeiro lugar cabe dizer que o Brasil já possui aproximadamente 1,1 milhão de advogados regularmente inscritos na OAB, sendo a maior proporção de advogado por habitante do mundo. Nesta conta não estão inclusos os bacharéis em direito, que somam mais de 5 milhões de brasileiros sem registro na Ordem.

Resta aos causídicos buscar incessantemente a especialização. O aperfeiçoamento pela constante atualização e sofisticação do exercício profissional. Arriscaria dizer que, somente teremos espaço na advocacia consultiva, e naquela contenciosa de alta complexidade, cujas máquinas, ao menos não no curto prazo, conseguirão substituir-nos.

E teremos que rumar para a exercício de uma advocacia menos litigante (essa terá espaço nos sistemas eletrônicos), pela advocacia de solução de conflitos de modo alternativo. O advogado terá que vender a pacificação do conflito, e não o conflito em si, como é a atual realidade do mercado advocatício. Enfim, novos tempos para a advocacia estão surgindo, e somente terá êxito quem souber se adaptar.

1 Comentário

  1. Parabéns! Importante reflexão amigo,você foi muito feliz nos seus comentarios! Prova disso, sua competência! Parabéns !

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