Opinião: Vacinação infantil contra a Covid-19

Por Dra. Laura Weigert Menna Barreto, pneumologista pediátrica do Hospital Dia do Pulmão

O vírus chamado Coronavírus (COVID-19) que surgiu no final do ano de 2019, tornou-se rapidamente uma doença pandêmica, assolando o mundo desde então. Com um potencial de enorme morbimortalidade, alastrando-se de maneira ameaçadora, fez imperiosa a busca de um recurso que contivesse tal propagação.

Nesse sentido, com base em situações análogas ocorridas em épocas passadas, a comunidade científica mundial voltou-se à pesquisa de uma vacina. Então, vacinas de diferentes fabricantes foram sendo produzidas ao redor do mundo e a eficácia de cada uma foi sendo testada. Muitas dúvidas apareceram nesse transcurso. A aplicação da vacina teve sucesso parcial, uma vez que não impediu o aparecimento de novos casos, assim como de mutações do vírus. A vacina reduziu o número de casos graves e mortalidade, não erradicando a doença, fato associado ao surgimento de inúmeras mutações que não foram cobertas totalmente pela vacina.

No Brasil, a situação não foi diferente do restante do mundo e a pandemia do Covid 19 tem sido uma das maiores preocupações desde março de 2020. Os registros de óbitos ratificam a periculosidade da doença, apontando para a devastadora situação, uma vez que foram constatadas, em território brasileiro, mais de 620 mil mortes, dentre elas, aproximadamente 2.500 crianças de zero a jovens de 19 anos, estando 300 dessas na faixa etária entre cinco e 11 anos.

Considerar os dados numéricos acima se torna de vital importância à aplicação da vacina infantil, expediente que há um ano tem proporcionado o combate ao vírus, assim como benefício a adultos do  mundo  todo. A vacina não apenas previne que as crianças desenvolvam a forma mais grave da doença, como também evita que não sejam agentes transmissores na família, principalmente pelo fato de que, se infectadas pela doença, não têm capacidade de autocuidado.

Cabe lembrar que as  vacinas são utilizadas para induzir a imunidade, protegendo o corpo humano e ajudando a produzir anticorpos, ou seja, não impedem a contaminação, mas habilitam as defesas orgânicas a combater melhor a doença, evitando que evolua para casos graves.

Embora entre crianças e adolescentes a manifestação do vírus geralmente ocorre nas formas clínicas mais leves ou assintomáticas, esse fato não significa que estejam isentos de formas mais graves, como a síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P), associada à COVID-19, possíveis e importantes causas de morbimortalidade nessa população.

Outra relevante questão também se refere aos casos em que a doença assume um período de duração longa, podendo, desse modo, o vírus COVID-19 gerar sequelas, especialmente nas áreas cognitiva, nutricional e de segurança. Ademais, de forma mais frequente, foi detectado em alguns casos, após a fase aguda da doença, a persistência de sintomas como fadiga, cefaléia, sonolência, perda de concentração e anosmia.

A dosagem e a composição das vacinas infantis contra o Coronavírus são duas doses de 0,2 ml (equivalente a 10 microgramas), sendo apenas um terço da usada em adultos e com intervalo de 21 dias (este intervalo está sujeito ao entendimento dos canais responsáveis), diferindo, também em relação ao adulto, a cor da embalagem, tendo um frasco com a tampa na cor laranja. Portanto, distintas das que são aplicadas para a faixa etária acima de 12 anos.

Não obstante existir a possibilidade de a criança vir a sofrer efeitos colaterais decorrentes da vacina, essas implicações sucedem muito raramente e, no geral, semelhantes às observadas em pessoas com faixa etária entre 16 e 25 anos: dor na região da aplicação, febre e breve mal-estar. Ressalta-se, entretanto, que são reações comuns a outras vacinas que já fazem parte do calendário infantil do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Estudos que comprovam a eficácia da vacina foram realizados com milhares de crianças. Nos EUA, cerca de cinco milhões de crianças entre cinco e 11 anos de idade já foram imunizadas, sem eventos adversos significativos.

Assim, segundo pesquisas, no que diz respeito à potência da vacina contra o COVID-19, evidencia-se, de forma clara, o seu grande benefício, recebendo a aprovação mundial, sendo, portanto, confiável.

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