Opinião: uma CPI importante, mas fora de hora

Foto: Blumob/Reprodução

Conheço muitas pessoas que de uma forma ou outra estiveram envolvidas diretamente no processo que resultou no atual sistema de transporte coletivo de Blumenau, desde o final de 2015 com crise e depois caducidade do Consórcio Siga decretada pela Prefeitura.

Já tentaram me provar por “A mais B” que era a única saída naquele momento conturbado, mas não fiquei convencido até hoje. Entendo que a gestão Napoleão Bernardes (PSD, então no PSDB) conduziu de forma equivocada o processo, mas reconheço a gravidade daquele momento e a falta de muitas alternativas.

A Prefeitura patrolou e fez da forma que entendia melhor. E a Câmara, na Legislatura passada, se curvou e recusou a assinar o pedido de CPI em 2017, quando proposto pelo vereador Professor Gilson (PSD) para investigar a não pintura dos veículos, como previsto em contrato. Na oportunidade este foi objeto da investigação proposto pelo vereador Gilson – requisito para que uma CPI saia -, que consegui apenas três assinaturas – são necessárias cinco para avançar. Na época, o vereador Bruno Cunha (Cidadania) não assinou, por entender que a época não havia fato determinado, ele que apoia a CPI agora.

Antes ainda, no primeiro mandato de Napoleão, o então vereador Ivan Naatz (PDT) chegou a conseguir as cinco assinaturas, mas Oldemar Becker (DEM) disse que se enganou e a retirou, depois da pressão da base governista.

Cinco anos e duas Legislaturas depois, com sete assinaturas, capitaneada pelo vereador Carlos Wagner, o  Alemão (PSL) e Emmanuel dos Santos, o Tuca (Novo), finalmente a CPI foi protocolada, aguardando apenas o parecer jurídico da Procuradoria da Câmara para virar realidade.

Confesso que estou preocupado e entendo que não é um bom momento e vou além. Se ela avançar, tem tudo para ser a pá de cal no já conturbado sistema de transporte coletivo de Blumenau. Pode ser a desculpa que a Blumob queira para deixar a cidade e colocar sua frota renovada a serviço do sistema de outra cidade.

Pode-se dizer que é melhor que a empresa vá embora mesmo – sempre entendi que a Blumob não presta um serviço a altura de Blumenau -, mas é preciso ter em mente que, para uma operação complexa como esta não tem empresas interessadas sobrando. O transporte coletivo através de ônibus vive uma crise em todo o país e é uma equação difícil de resolver sem o aporte do Poder Público, por mais que aqueles que não usam ônibus possam torcer o nariz.

O serviço é um direito do cidadão e uma responsabilidade das Prefeituras. O contrato precisa ser pensado, revisado, discutido, mas não inviabilizado a ponto de termos mais um litígio contratual.

Sempre digo que o que está ruim, pode ficar pior.

3 Comentário

  1. Toda a culpa é do atual prefeito!
    Tomou medidas claudicantes há um ano, pois uma vez mandava parar tudo, para, logo em seguida, reabrir o transporte e mandar parar de novo.
    O prefeito tomava medidas baseado em informações imprecisas.
    Deu no que deu e pode acontecer pior!
    Este é o problema que sempre enfrentará quem tentar agradar a gregos, troianos e blumenauenses.
    Bem feito, Prefeito!

  2. A melhoria da locomoção no município passa pelo Sistema de Transporte Público que quanto mais eficiente garantirá mais usuários, redução de veículos etc..
    Um bom PLANEJAMENTO considerando o crescimento e o impacto gerado deveria ser estudado e iria facilitar a todos, pensem nisso futuris candidatos a mandatis eletivos.

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