Opinião | Reflexões filosóficas gregas – Parte III – Giges – A alegoria da invisibilidade

Imagem: reprodução

Em uma terceira reflexão com base na cultura, visão grega e mitologia, vale a referência do grande pensador Arístocles (aprox. 428-347 a.C.), que ficou mais conhecido pelo seu apelido, Platão. Este pensador, autor do grande clássico do pensamento humano intitulado A República datada de 379 a.C.

Neste importante livro, mais especificamente no Livro II, onde o filósofo reflete sobre a justiça, se encontra a Alegoria do Anel de Giges. Esta alegoria, conta que, certa vez, um pastor, no exercício de seu ofício de cuidar do seu rebanho, é surpreendido por um grande tremor de terra. 

Este tremor, abre uma fenda no solo, onde o pastor (Giges) vê um cadáver com um anel dourado no dedo.Giges toma o anel e se dirige para um encontro com o rei, e portando o anel, coloca-o no dedo, ele percebe que ao realizar este ato, ele passa a ficar invisível às outras pessoas.

Desta forma, o pastor de ovelhas resolve fazer uso do anel em benefício próprio. Usando este seu recém poder de inviabilidade, Gige seduz a rainha, e assassina o rei, aproveitando para assumir o trono, se aproveitando da sua invisibilidade como forma de garantir a impunidade.

Esta alegoria platônica, escrita de maneira atemporal, parece representar muito bem muitas ações humanas, principalmente quando o caminho escolhido se afasta da concepção social de justiça através de subterfúgios que garantam a obtenção de vantagens.

Parece que Platão, em suas reflexões, estava conseguindo prever muitas ações humanas do Século XXI do calendário cristão. Este mito platônico se encaixa perfeitamente com muitas declarações de ódio que são constantemente divulgadas no universo digital.

Num mundo digital, onde a possibilidade de acesso ao conhecimento nunca esteve tão à mão de todos, tornando a possibilidade de aprender acessível, literalmente à apenas um toque na tela. Grandes obras do pensamento humano, revistas de instituições de pesquisa de mais alto nível, etc.

Mas, o ser humano, parece usar todo este poder do conhecimento, aliado à crença de um anonimato cibernético, da mesma forma que Giges, se permitem expressar de maneira mais sua verdadeira imagem. É uma contradição interessantíssima, perceber que a invisibilidade, mostre tanto sobre a pessoa.

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