Opinião: recomeços

Ano novo.
Geralmente é aqui que traçamos metas, geralmente aquelas que nunca antes conseguimos alcançar.

Deixar de fumar, ir pra academia, reeducação alimentar, e por aí vai.

Tenho na minha lista algumas de 2019 ainda…
Cada uma que não foi alcançada, deixa um sabor amargo de derrota.

Quando levamos isso para a maternidade atípica fica ainda mais doloroso.

Fazer o desfralde, conseguir amenizar a seletividade alimentar.
Me dedicar mais a eles.
Pesquisar mais sobre tratamento alternativos.
Trocar o terapeuta e a lista fica imensa…

Que tal não traçar metas?
Fazer o que está ao nosso alcance, sem tanta cobrança, sem tanta expectativa?

Cuidar de nós para poder cuidar do outro.
Porque na lista de metas da mãe atípica, nunca tem um item sequer que fale do cuidado dela para com ela.

Entra ano e sai ano e mães e pais atípicos se esquecem na ânsia de cuidar dos seus.

Entra ano e sai ano e o índice de depressão da família atípica só aumenta.

Vamos mudar essa realidade?

Vamos nos permitir pedir ajuda quando for preciso, nos permitir aquele último pedaço de bolo, a tarde na manicure e a cervejinha com os amigos numa sexta feira.

Vamos lembrar daquele recado que as aeromoças sempre dão antes do voo:

“Em caso de despressurização da cabine, máscaras cairão automaticamente à sua frente. Coloque primeiro a sua e só então auxilie quem estiver ao seu lado”.

Serve pra nós também, precisamos estar bem para cuidar bem.

Amor próprio e auto cuidado já foram erroneamente confundidos com egoísmo.

Não é.

Só quando amamos e priorizamos a nós mesmos que estamos prontos para amar e cuidar de outrem.

Sem expectativas mirabolantes para 2022.

Um bom trabalho, mesa farta, poder estar com os que nos são caros e manter a família unida, já está de bom tamanho!

Façamos diferente dessa vez.