Opinião: matando por amor

Foto: reprodução

Nesse mundo maternal isso é mais comum do que podemos imaginar.

Por amor, não deixamos a criança cair e ralar o joelho.
E assim, não ensinamos sobre o perigo de não olhar por onde anda.

Por amor, assumimos responsabilidades que são deles, perdendo a chance de ensinar que na vida, toda causa tem uma consequência.

Por amor, nos tornamos indispensáveis, sem perceber que nosso papel é justamente o contrário.
É aos poucos sair de cena, e deixar que eles sejam protagonistas das próprias histórias.

Mas como fazer isso sem joelhos ralados, sem tombos, sem decepções?

Matamos por amor, quando dizemos mais SIM do que NÃO.

Matamos por amor, todos os dias, e quando a maternidade é atípica, a proporção é muito maior.

Não quero que sofra.
Não quero que chore.
Não quero que se decepcione.

No fim, criamos nossos filhos numa frágil bolha que na vida adulta se espatifa aos pés deles, sem preparo nenhum.

E na ânsia de os proteger do mundo, os tornamos frágeis e despreparados.
Mimados e muitas vezes egoístas.

E ficamos com uma sensação imensa de ter fracassado.

Mas ainda dá tempo.
Diga mais nãos, acolha o tombo, mas deixe o joelho ralar.

Faça arrumar a cama e preparar o café.

Deixe chorar quando doer, e explique que a dor faz parte da vida, assim como a decepção, mas nesse emaranhado de sentimentos, tem também a alegria, o amor, e tudo isso se conquista vivendo.

Arriscando cair e ralar o joelho.
Assumindo quando erramos, e se desculpando.

Ame, mas não mate por amor.

1 Comentário

  1. Faltou o principal … por “amor” matam ainda no ventre

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