Janeiro Verde: Cepon alerta para prevenção do câncer de colo do útero

Foto: Ricardo Wolffenbüttel/Secom

Neste mês é promovida a campanha Janeiro Verde para conscientizar a população sobre o câncer do colo do útero. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer é o terceiro tipo mais incidente entre mulheres no Brasil, excluindo os tumores de pele não melanoma. Para 2024, a estimativa é que o país registre 17.010 novos casos, sendo 880 em Santa Catarina. O estado é um dos que possuem menor taxa de incidência da doença no país. Ainda assim, é importante alertar para a prevenção, uma vez que esse tipo de câncer pode ser prevenido e é a quarta neoplasia maligna mais frequente entre as mulheres no estado.

No Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon), unidade da Secretaria de Estado da Saúde (SES) e referência no tratamento de câncer em SC, foram registrados 1.221 atendimentos a pacientes com câncer de colo do útero em 2023.

A gerente Técnica do Cepon, Mary Anne Taves, ressalta a importância da vacina na prevenção da doença. “O câncer do colo do útero pode ser evitado com a vacinação contra o HPV, o principal causador desse tipo de câncer. Disponível gratuitamente nas UBS conforme orientação do Ministério da Saúde, a vacina previne a infecção por HPV, bem como as complicações e os cânceres causados por esse vírus”.

Todas as neoplasias malignas originam-se de uma mutação das células de um determinado órgão. Essas mutações fazem com que as células se desenvolvam de forma anômala, irregular. “Essas mutações podem ser adquiridas ao longo da vida, quando as pessoas são expostas a fatores externos que causam a mutação e geram o câncer. Ou podem ocorrer de forma hereditária, sendo passadas pelo material genético dos pais biológicos. No colo do útero, isso também ocorre”, explica a cirurgiã oncológica do Cepon, Karine Fernandes.

O principal fator de risco é a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), transmitido sexualmente. A cirurgiã ressalta ainda que, muitas vezes, o organismo é capaz de eliminar o vírus. “Caso a infecção não se resolva e se cronifique, a inflamação crônica causada pelo vírus pode levar a displasias, que podem evoluir para o câncer de colo uterino”, complementa.

As situações em que as lesões evoluem para o câncer dependem do subtipo do vírus e de alguns outros fatores de risco, como pacientes imunossuprimidas, tabagistas, com comorbidades, com múltiplos parceiros sexuais e que não usam preservativos (camisinhas). Esses pacientes são mais propensos a terem persistência da infecção pelo HPV e, portanto, maior risco de desenvolverem o câncer de colo uterino.

Sintomas

A fase inicial para a maioria das pacientes acaba sendo assintomática. Com o passar do tempo, os sintomas aparecem conforme a localização e a extensão da doença. Corrimento vaginal amarelado e com odor desagradável, até mesmo com sangue, dores na região do baixo ventre e sangramento após relação sexual, são alguns sintomas.

Prevenção

A prevenção está diretamente relacionada à diminuição do risco de contágio pelo HPV, que ocorre pelo contato direto com a pele ou a mucosa infectada. O ato sexual é a principal via de contágio, por isso, é indicado que o uso de preservativo seja feito para diminuir o risco de transmissão e infecção.

A vacina contra o HPV, disponibilizada nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) conforme orientações do Ministério da Saúde, também é uma importante medida para combater o câncer do colo do útero. Ela é indicada para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. A vacina é uma medida de prevenção, mas não é eficaz contra infecções ou lesões por HPV já existentes antes da imunização.

A cirurgiã oncológica Karine Fernandes destaca a importância da prevenção e dos exames de rotina para a detecção precoce da doença. “Primeiro de tudo, as pacientes devem entender o que acontece e cuidarem-se. A grande maioria dos casos decorre de uma infecção crônica pelo HPV, que é transmitido sexualmente. Logo, devem saber que o uso da camisinha pode evitar esse contato. Além disso, cuidar do corpo, como não fumar, praticar exercícios físicos, controlar o peso e tratar as comorbidades vão fazer com que o organismo fique mais saudável e capaz de eliminar o vírus. Se ainda assim a infecção persistir, o exame preventivo (Papanicolau) é realizado com o intuito de diagnosticar as displasias, que são as alterações que antecedem o câncer. Por isso, as pacientes devem ser vistas frequentemente pelo médico e realizar os exames de rotina”, explica.

Tratamento

O tipo de tratamento depende de fatores como o estágio do câncer, a extensão da doença e se a mulher deseja ter filhos ou não. No Cepon, o tratamento dessas pacientes com câncer é realizado em todos os estágios: desde os casos mais precoces até os mais avançados, com tratamentos combinados de quimioterapia, radioterapia e cirurgias de grande porte.

“Todas as pacientes com câncer devem passar por estadiamento, o que significa realizar exames para avaliar a extensão da neoplasia e, em seguida, realizar o tratamento indicado”, reitera Karine Fernandes.

Fonte: ACN

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