Intervenção no transporte coletivo de Blumenau: uma batalha vencida, mas a guerra não.

Foto: Alexandre Gonçalves/Informe Blumenau

A Prefeitura tirou um coelho da cartola para tentar estancar a greve na Glória e evitar que a paralisação mobilizasse os trabalhadores das duas outras empresas e parasse todo o sistema, como ameaçava o comando do Sindetranscol. Não sei se terá outros coelhos ou outras cartolas para o tamanho dos problemas que tem pela frente.

O Município intermediou uma operação de crédito no valor de pouco mais de R$ 700 mil, suficientes para acertar os salários que faltam, cerca de 65% dos funcionários. O empréstimo saiu em nome do Consórcio Siga, o que significa dizer que a Rodovel e Verde Vale avalizaram, se não assinaram, a operação.

Hoje o presidente do Seterb, Carlos Lange, e Paulo Costa, secretário de Gestão Governamental, deram a cara para bater e foram na concorrida e tensa assembleia da categoria que decidiria os rumos do movimento. A proposta deles, claro, era pedir um voto de confiança, no caso, a volta ao trabalho imediato.  A informação oficial é de que cerca de R$ 70 mil/dia são arrecadados nas catracas somente com os ônibus da Glória e a conta era de que R$ 140 mil já poderiam ter entrado no caixa.

Foto: Alexandre Gonçalves/Informe Blumenau
Foto: Alexandre Gonçalves/Informe Blumenau

Agora, não é o trabalhador que deve pagar esta conta. A maioria dos presentes na assembleia calcula outras variáveis.  Um citou a multa de R$ 75 no pagamento do ensino da filha,  por não ter pago nesta terça, dia 10. Quantas outras venceram hoje ?  Este sentimento encaminhou a decisão da categoria: se entrar o dinheiro na  conta, volta-se ao trabalho. Como a promessa é o crédito estar liberado pela manhã, os ônibus da Glória passam a circular ao final dela ou no começo da tarde.

Foto: Alexandre Gonçalves/Informe Blumenau
Foto: Alexandre Gonçalves/Informe Blumenau

É a volta ao trabalho, em um contexto minado: além de estar no período do acordo coletivo, a solução encontrada agora é parcial. Ali na frente tem o pagamento Vale Alimentação e outros direitos, além do 13º salário para quem não recebeu, sem falar nos 10% de reajuste em média por conta da data base. E também a quitação deste empréstimo. Ou seja, está devendo R$ 700 mil e tem mais que o dobro do que isso para pagar ( por baixo) em um prazo de 30 dias. Uma bola de neve.

Por isso me referi a outros coelhos, outras cartolas. A Prefeitura fez o que esperamos dela, com atraso, mas fez. A linha de crédito foi uma boa sacada.  Agora, o problema é maior, muito complexo. Não sei se terá fôlego, mas me parece que tem plano B. Mas este é assunto para outra hora.

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