App anticoncepcional? Entenda a polêmica

App anticoncepcional? Entenda a polêmica

Agência que regula alimentos e medicamentos nos Estados Unidos, a FDA, na sigla em inglês, autorizou para o uso do Natural Cycles (Ciclos Naturais), um app de celular sueco que diz prevenir a gravidez.

Que? Sim, e tem polêmica nos EUA

É a primeira vez na história que a agência reconhece um app como método contraceptivo.
Para especialistas, a decisão tem potencial para impulsionar a chamada “femtech”, a indústria emergente de tecnologias voltadas para a saúde da mulher, que já movimentou, nos últimos três anos, cifras que giram em torno de US$ 1 bilhão.

E funciona?

A aprovação do Natural Cycles provocou uma onda de críticas dentro e fora dos EUA, em particular por causa de denúncias de casos de gravidez por pessoas que estavam usando a tecnologia.

Os testes:

De acordo com a Natural Cycles, o app conta com mais de 900 mil usuários em todo o mundo. A empresa, criada pelo casal Elina Berglund e Raoul Scherwitzl, funciona com base no tradicional método do cálculo das chamadas janelas de ovulação – o intervalo de seis dias entre o início e o fim da ovulação que é o período mais fértil da mulher – baseado no ciclo menstrual e na temperatura corporal. O método é comum entre mulheres que – por razões de crença religiosa ou ideológica – se recusam a usar ou evitam métodos contraceptivos como a pílula, o DIU ou o anel vaginal.

Segundo a FDA, estudos clínicos realizados pela própria empresa para avaliar a eficácia do app contaram com mais de 15,5 mil mulheres que usaram o aplicativo por um período de oito meses.

De acordo com a agência americana, os resultados indicam que apenas 1,8% das mulheres que usaram o aplicativo de forma correta ficaram grávidas.

Os estudos apontaram ainda que 6,5% das mulheres que ficaram grávidas não usaram o aplicativo de forma correta – tendo relações sem proteção em dias férteis.

Ainda assim, a taxa de fracasso do aplicativo é considerada baixa. A título de comparação, pílulas apresentam nos EUA taxas de fracasso de 9% e camisinhas de 18%, de acordo com estatísticas do Centro para Controle e Prevenção de Doenças.

A polêmica:

Pouco antes de ser aprovado nos EUA, a Advertising Standards Authority (ASA na sigla em inglês), organização que regula a indústria publicitária no Reino Unido, lançou uma investigação sobre o marketing do produto após receber denúncia de mulheres que ficaram grávidas enquanto estavam usando o app Natural Cycles em 2017.

Entrevistado pelo jornal britânico The Guardian, um porta-voz disse que a agência questionou a afirmação feita em anúncio do app no Facebook, por exemplo, de que ele seria um “anticoncepcional altamente preciso”.

“Para sustentar esse tipo de afirmação, a empresa requer fundamentação”, disse o porta-voz.

Segundo o jornal, a Natural Cycles acatou as recomendações da Asa e mudou sua campanha de marketing.

Fonte: BBC News Brasil

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