Câmara rejeita veto do Executivo e mantém projeto que amplia acesso a medicamentos pelo SUS

Foto: Rogério Pires

Foi uma derrota da administração municipal. A Câmara de Blumenau rejeitou, na sessão desta terça-feira, o veto total do Executivo ao Projeto de Lei 9295/2025, de autoria do vereador Egídio Beckhauser (Republicanos). A proposta autoriza o fornecimento, pela rede municipal do SUS, de medicamentos a pacientes com receitas emitidas por médicos particulares, conveniados ou cooperados de planos de saúde, inclusive de outros municípios, desde que comprovadas a residência no município e a inscrição no SUS. O Executivo havia vetado a matéria com base em parecer técnico da Secretaria Municipal de Promoção da Saúde, que apontava riscos à organização da assistência farmacêutica, possíveis dificuldades de controle e aumento de custos para o município.

A discussão sobre o veto mobilizou diferentes perspectivas no plenário.

Bruno Win (NOVO) abriu as manifestações defendendo a derrubada, afirmando que o projeto ajudaria a reduzir filas de consultas e garantir acesso mais ágil aos medicamentos do SUS para trabalhadores com planos de saúde. Bruno Cunha (Cidadania) acompanhou o posicionamento e destacou experiências positivas em Lages, reforçando que faltou diálogo entre Executivo e Legislativo para evitar o impasse. Já Mário Kato (PCdoB) apresentou um olhar mais cauteloso, lembrando que conferências municipais de saúde historicamente rejeitam propostas semelhantes por risco de desigualdade de acesso — motivo pelo qual se absteve, ainda que reconheça o mérito social da matéria.

Outros vereadores também se posicionaram. Diego Nasato (NOVO) defendeu que não há relação entre fila de consultas e entrega de medicamentos, sustentando a presunção de boa-fé dos médicos particulares. O líder do governo Flávio Linhares – Flavinho (PL) reconheceu preocupações técnicas levantadas pela Secretaria, mas avaliou que eventuais riscos podem ser resolvidos com regulamentação e fiscalização. O médico e vereador Marcelo Lanzarin (Progressistas) também votou pela derrubada, mas alertou para a importância de preservar o registro clínico dos pacientes no SUS e observar os protocolos oficiais.

Encerrando o debate, o autor da proposta, Egídio Beckhauser, reforçou que o projeto não amplia custos nem cria novas listas de medicamentos, apenas permite o uso de receitas particulares para remédios já disponíveis na rede pública. Citou precedentes jurídicos e exemplos de Lages e Balneário Camboriú para demonstrar a viabilidade da medida. Nas justificativas de voto, Cristiane Loureiro (Podemos) elogiou a iniciativa e destacou bons resultados em outros municípios, enquanto Bruno Cunha voltou a defender mais diálogo com o Executivo para evitar desgastes. Com esses posicionamentos, o plenário rejeitou o veto e manteve o projeto para promulgação.

 

2 Comentário

  1. Parabéns vereadores! Esta barbaridade implantada há muitos anos por “gestores” irresponsáveis finalmente está dizimada. Parabéns! Na grande maioria as receitas médicas particulares não são de pessoas abastadas.

  2. Distribuição de remédios via SUS não é prerrogativa do Governo Federal ?
    Os vereadores possuem autoridade para esta alteração ?

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