Rectify – Gaspacho para todos

Coluna Gaspacho para todos por:
MARTA BROD
jornalista e professora universitária

Ah, a internet. Essa coisinha tão linda e que alegra nossas vidas, não é mesmo? Acho incrível a capacidade que ela tem de difundir tantas informações, proporcionar discussões tão pertinentes a sociedade e, por outro lado, formar uma legião de hipócritas e conformados. (Isso é assunto para outra pauta!) Enfim, é por conta dessa tal de internet que faço minhas pesquisas em filmes e séries. Sim, porque provavelmente nem a Barsa teria um arquivo tão completo e extenso sobre a sétima arte.

E foi nessa busca incessante que dou de cara com uma série que chamou muito minha atenção: Rectify.  No começo fiquei toda desconfiada como você deve estar agora. E temos vários motivos para ficarmos assim: Não tem atores famosos que estampam tabloides americanos, não concorreu a nenhum tipo de premiação – o que é uma injustiça, diga-se de passagem – e é produzida pelo canal Sundance (Oi?!).  Teimosa e capricorniana do jeito que sou resolvi dar uma chance e confesso: foi uma das melhores surpresas de 2016.

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Produzida e exibida em  2013 Rectify conta a história de Daniel Holden (Adam Young), condenado a morte pelo estupro e assassinato de sua namorada, Hanna. Após 19 anos na prisão, Holden é solto graças às evidências de DNA.  Apesar de ser uma trama um pouco clichê, o que prende a atenção do telespectador é a maneira como o diretor e produtor Ray McKinnon ( Sons of Anarchy e Deadwood) conduz a história.

Lutando contra os padrões das séries americanas, Rectify já deixa claro em seu primeiro episódio que a ideia não é procurar quem matou e estuprou a garota, mas, sim, acompanhar o retorno de Daniel e o impacto que sua volta trás a sua família na pequena e conservadora cidade de Paulie, na Georgia.

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Além de Daniel, a vida das pessoas em sua volta mudou. A família cresceu, novos irmãos apareceram e a rotina foi afetada. Além disso, ele precisa aguentar os olhares condenadores da comunidade que, independente de qualquer resultado, ainda acredita que ele é o culpado pela morte de sua namorada.

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Daniel é um homem sensível e encarcerado em seu próprio corpo. A prisão fez dele uma pessoa observadora e paciente. Sua irmã Amantha (Abigail Spencer) foi quem lutou até o fim pela inocência do irmão. A relação dos dois na série é um tanto complexa, que faz o telespectador ora amar, ora odiar. (Quem tem irmãos com certeza irá se identificar). Sua mãe Janet (J. Smith Cameron) é um tanto quanto distante do filho e deixa visível a sua culpa por ter desisto de lutar por ele.

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Com uma fotografia impecável, Rectify não é uma série sobre os erros do sistema carcerário ou de como a política é um dedo podre na sociedade e, muito menos uma série sobre heróis e mocinhos. Rectify é uma história sobre a liberdade e ser livre. Uma história sobre a evolução espiritual e humana. Uma série que vai fazer você pensar nas suas escolhas e na forma como você olha o mundo. Como disse Daniel: “É a beleza que machuca mais, não a feiura”.

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Pontos importantes para destacar da série:

  • As referências filosóficas que vão de Platão a São Tomas de Aquino;
  • O andamento da série é bem lento, mas não desista. Essa lentidão faz parte do roteiro;
  • O jeito como as pessoas lidam com algumas situações da vida é bizarro;
  • A série já tem três temporadas: a primeira e a terceira com seis episódios e a segunda com dez. De acordo com o canal Sundance foi renovada para a quarta e última temporada que será exibida aqui no Brasil em setembro de 2016.

Confira o trailer da série:

 

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