Opinião | Meu malvado favorito

Foto: reprodução

Pela primeira vez, entra um presidente de pensamento oposto ao que saiu e seguiram no poder os mesmos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado. Não parece muita coisa, mas do “Centrão”, essa improvável massa de políticos sem opinião formada sobre nada além de apoiar o governo do momento, surge a esperança de alguma estabilidade na política brasileira. Dos 513 deputados que compõe a Câmara, 464 votos votaram pela reeleição de Arthur Lira (PP), um recorde! Aí se percebe como todos os partidos estão tendo que dialogar, obrigando até os extremos, geralmente ocupados com discussões como se “em 1964 ocorreu um golpe ou uma revolução”, a cooperar na construção do presente. Melhor que seja assim, porque embora apanhe mais do que bêbado no meio de confusão, o centro é uma construção das democracias, onde se pode observar como realmente está o país. E caso não seja bonito, então deve-se admitir os erros para solucioná-los. 

Dizem que o inferno está cheio de boas intenções, mas antes disso acontecer, primeiro encheram a política com paixões. Pior para todo mundo, porque se perde muito tempo defendendo uns e atacando outros, quando na realidade os políticos são passageiros e o que importa é a qualidade de vida da população. Como não há um mapa indicando a estrada correta para o desenvolvimento, o caminho mais seguro é o respeito às leis e a exigência por mais eficiência dos governos. O raciocínio é simples: se a população precisa de serviço público, então ele tem que existir, mas a empresa pública que não se pagar, precisa melhorar ou ser vendida. Por que tudo tem que ser apenas público ou privado? Cada caso é um caso, de acordo com seus resultados. E se houver a necessidade de o Estado criar uma empresa para fomentar uma determinada região, qual é o pecado? Assim como as leis e a ciência, o bem-estar não é de direita, nem de esquerda. O bem-estar é simplesmente o bem-estar e o que o Brasil precisa, realmente, é de ordem e progresso, mas sem deixar ninguém para trás.

Um por todos e todos por um

No último dia 5, o instituto PoderData divulgou pesquisa em que 28% dos entrevistados se consideram de direita, 21% de esquerda, 20% se dizem de centro e os 31% restantes não sabem como se definir. Sendo a direita uma evolução do que existe desde que o mundo é mundo, é natural que seus partidários queiram que as coisas continuem no caminho que sempre estiveram. Isso não significa que a pessoa de direita seja religiosa, mas sendo o Brasil o segundo maior país cristão do planeta, aqui essa parcela da população tende a ser também conservadora. No restante do eleitorado, restam aqueles que surgiram depois: o centro, que tende para a direita, mas ninguém sabe em quem vai votar, e a esquerda. Essa, que embora tenha seus teóricos, poucos os estudam profundamente. Longe do estereótipo da luta entre ricos e pobres, acaba englobando quem deseja mudanças na sociedade, e como a vida muda o tempo inteiro, assim também acontece com o eleitorado de esquerda.

Por fim, podem discordar nos argumentos, mas as pessoas desejam apenas uma vida como nos finais de filme, onde todos realizam seus sonhos. É aí que se encontra o nó em que o país se meteu: ninguém pensa em ideologia no dia a dia, mas elas existem e podem ser verificadas com uma pergunta: você fecha os olhos para os erros de qual político? Independente da resposta, resta pagar os impostos e cobrar de quem esteja no poder, o respeito às leis e sempre mais eficiência nos gastos públicos, como único caminho para melhorar constantemente a qualidade de vida para toda a população.

Fernando Ringel, jornalista e professor universitário

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