Opinião | Em cada fim, há um novo começo

Imagem: "Esperança", tela de Filipe Rodrigues/ Divulgação

Você nem precisa acreditar. Pode dizer que tudo isso é uma tremenda bobagem. Talvez seja mesmo! Mas, este encontro que fazemos – eu dedilhando o que a semana pede e a sua paciente ação, em compartilhar pensamentos, reflexões, interpretações e opiniões – escorre como uma terapia em mim. Agradeço profundamente aos amigos por isso. Como se em um divã estivesse, hoje eu começo pedindo desculpas logo na abertura desta chorosa sessão…. é que o eco das últimas “Notas de Domingo” de 2023 vão chegando como um suspiro.

Vou contar: as vezes, quando estou escrevendo, sinto o frescor de beira-mar, em um bar de cadeira de palha, destes que a mesa é coberta por toalha xadrez de plástico. E o ano pediu várias doses de pinga velha para encarar os fatos que foram se acumulando.

Acho que posso cravar, mesmo que não conheça seu rosto, algumas coisas em comuns. Marcado por enchentes e tragédias, o 2023 tornou-se um capítulo singular em nossas vidas, onde cada um carrega seu próprio drama e alegria, como uma crônica intrínseca aos dias que se desdobravam. Eu não sei quem é o autor, nem quando tropecei nesta frase – carrego o hábito de anotar trechos e citações -, perdida no meio de outras da coleção está o recado: “em cada fim, há um novo começo”.

O dezembro tem para todos um tanto disso. É tipo acordar e perceber que, como uma nova página do calendário, surge em nossa estrada dois caminhos. Em um a plaquinha aponta para o que já foi, um olhar para os passos que ficaram e marcaram a trajetória. A outra, por sua vez, oferece o calor do inesperado, o que será do amanhã?

Gosto de pensar que este é o mês feito encruzilhada com três “R’s”. Uma oportunidade de Renovar, Reconstruir, e, de certa forma, Redimir o que deixamos faltar ao longo do ano. Vai saber se não é o jeito da vida nos convidando a compaixão, solidariedade, concórdia, união e paz.

Nesse derradeiro esforço físico e mental que as semanas que encerram 2023 nos impõe, somos desafiados a oferecer ao mundo e a nós mesmos um tanto de generosidade. As expectativas do ano novo se aproximam, e é como se, em um movimento final, quiséssemos compensar tudo que porventura tenha faltado.

“A vida é breve, a arte é longa”, dizia Hipócrates, o filósofo. Particularmente completei mais um ano de vida com um amargo presente. Se o ano retirou de mim, dos calorosos abraços, um alguém especial, reservou justamente para a semana de meu aniversário as mais duras lições, reflexões e desafios.

Ao poucos vamos nos despedimos de um 2023 que nos testou, mas também ensinou a valorizar cada instante. Que ao cruzarmos a linha do tempo para o próximo ano possamos encontrar um ambiente prospero para renovação da esperança e a reconstrução do encanto que os meses que passaram desastrosamente quebraram – ao menos por aqui.

Tarciso Souza, jornalista e empresário

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