Opinião: até onde as estruturas de poder são inclusivas?

Foto: CMB

Um bom indicativo de desenvolvimento de uma sociedade não é o PIB (Produto Interno Bruto), mas se ela permite que novos grupos participem dos espaços de poder atrelados à riqueza produzida socialmente. A participação política de indivíduos de diversos grupos sociais e de diferentes extratos de classe é um bom indicativo se estamos avançando ou não.  Por isso, a alternância no poder e o surgimento de novas lideranças são tão caros para a democracia e para os ideais republicanos. 

Nesta semana fomos surpreendidos com a notícia de que o suplente de vereador Lenilso da Silva (PT) desistiu de sua candidatura. O Informe Blumenau noticiou aqui. Oriundo de um bairro da periferia de Blumenau, Lenilso encontrou nas políticas públicas e programas sociais do poder público municipal a oportunidade de estudar e formar-se como cidadão. Conheci ele na universidade. Era um ativo militante dos movimentos de estudantes e continua sendo uma importante referência nos movimentos sociais e coletivos na cidade. Sobretudo aqueles que militam contra o racismo e nas questões de gênero. Uma trajetória corajosa, sobretudo em um tempo e sociedade marcados por preconceitos e exclusão.

É claro que a retirada de Lenilso Silva da corrida para uma das 15 cadeiras da Rua da Palmeiras não representa o fim da carreira do militante e do político.  Ele mesmo, na nota que comunica sua decisão, aponta isso: “Nos encontramos nas ruas, nas praças, nas manifestações, nas greves, nas baladas, aqui nas redes sociais e nos atos públicos. Pois enquanto houver machismo, racismo e LGBTfobia e desigualdades sociais haverá minha luta resistência.” 

A declinação da candidatura não significa necessariamente a ausência destes temas na campanha eleitoral. Há outras candidaturas que podem ser herdeiras das pautas e dos votos de Lenilso. Porém, é preciso prestar atenção nesta decisão, ela é sintomática e simbólica. Trata-se de uma liderança em ascensão, concorde você ou não com a suas pautas. Assim como também, não há discordância de que em Blumenau e no Brasil,  vivemos um tempo de orfandade no quesito renovação política – independente do espectro político ou ideológico. Sobretudo de lideranças forjadas no debate político e testadas nos espaços democráticos, processo que leva tempo e requer desprendimento pessoal. 

Apesar de ser uma decisão pessoal, que deve ser respeitada, ela diz muito mais sobre nós, enquanto sociedade, do que sobre Lenilso, enquanto político.  Nossa democracia e nosso processo de desenvolvimento, talvez não permitam a inclusão de novos grupos e talvez não esteja evoluindo. 

6 Comentário

  1. Perfeita análise sobre a sociedade que vivemos e a falsa sensação de inclusão. Quanto ao Suplente de vereador (meu irmão de lutas) ele é um gigante na defesa do belo e do justo. Ele tem tanto acúmulo na Luta por direitos que o chamaria de Dr. Lenilso!!! Perde a cidade, perde a política, mas não perde a luta, pois ele é na sua essência, um lutador!!!

  2. Importante reflexão, com destaque especial no aspecto da renovação.

  3. Sou admirador do Lenílso, inteligente, articulado, sabe expor suas ideias com clareza. Tenho certeza que tomou a decisão de forma corrente e depois de muita reflexão.

  4. A tão badalada “ideologia de gênero” (sic) é uma grande fake!
    Um grupo de estudiosos da conceituada Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, publicou uma nova pesquisa, defendendo que NÃO HÁ evidência científica suficiente para sugerir que uma pessoa nasça gay, lésbica ou transgênero. A chamada ‘identidade de gênero’ ou ‘orientação sexual’ não é, portanto, uma questão biológica e sim atributo da vontade:
    http://www.thenewatlantis.com/publications/number-50-fall-2016

    E seria Deus, um Deus de confusão? incutindo desejos contrários naturais nos homens e mulheres para desejarem a conduta homossexual?
    Ou seria o caso também de pessoas já nascerem geneticamente, emocionalmente, psicologicamente, impulsivamente, hormonalmente determinadas e forçadas a práticas de pedofilia, necrofilia, zoofilia, masoquistas e tantas outras aberrações, assim como teriam genes (físicos, emocionais, sentimentais, impulsivos) de estupro, assassínio, roubo, injustiças, inveja, ciúme, ira, mentira etc?
    Isso é no mínimo irracional e bizarro!
    Respeito os homossexuais como pessoa, indivíduo, mas não aceito sua ideologia e militância.

  5. “Nos encontramos nas ruas, nas praças, nas manifestações, nas greves, nas baladas, aqui nas redes sociais e nos atos públicos. Pois enquanto houver machismo, racismo e LGBTfobia e desigualdades sociais haverá minha luta resistência.”

    Machismo, racismo , LGBTfobia , desculpem os apoiadores deste cidadão , mas peçam a ele esclarecer o que é o que entende por machismo , racismo e LGBTfobia , esta última principalmente …ser gay ou lésbica é opção , devemos respeitar a opção sexual de cada individuo , respeitar , mas não somos obrigados a concordar . Se assim fosse, muitos optaram por atuar em desencontro com a lei , serem pedofilos, cometerem feminicídio , também temos que concordar .

  6. Cícero! Por isso, que o Dr. Lenilson, irá fazer falta no debate.

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