Opinião: a política ganhará as ruas e as praças?

Foto: Leo Orestes/FramePhoto/Estadão Conteúdo/Reprodução via G1

Neste próximo sábado está programado para acontecer em Blumenau, e em todo território todo o país, atos democráticos promovidos por movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos. Já estão confirmados pelo menos 319 atos no em território nacional. No exterior, estão previstas manifestações na Inglaterra, Itália e Portugal.

As pautas são: defesa de um auxilio emergencial de R$ 600,00 reais, oposição à reforma administrativa, defesa da ampla vacinação, e é claro, impeachment do presidente Bolsonaro. O evento aqui em Blumenau é organizado pelo Comitê Blumenau pela Vida, um coletivo de organizações que tem promovido distribuição de máscaras PFF2 nos terminais urbanos da cidade, além de já terem organizado o ato do dia 29 de maio. Além dos atos nas ruas, o governo do genocida tem enfrentado também manifestações durante seus pronunciamentos e aparições públicas.

Para além da importância das pautas acima, esses atos marcam a reconciliação das ruas com a política. O retorno da política como forma de mediação de conflitos e o retorno dos partidos políticos e movimentos sociais orgânicos para o centro da esfera política. Porém, para compreender a importância disto, precisamos voltar ao ano de 2013. Naquele ano, estudantes foram às ruas contra os aumentos abusivos das passagens de ônibus nas principais cidades do país e contra os gastos excessivos nas obras dos estádios para a Copa do Mundo de 2014.

As manifestações, no início, eram chamadas pelo MPL – Movimento Passe Livre. Um movimento social que se apresentava como “autônomo, apartidário, horizontal, independente, e que luta por transporte público gratuito e fora da iniciativa privada”. Assim que iniciou, como todas as manifestações por direitos sociais, foi duramente reprimido pela polícia e pela imprensa.  Porém, com a adesão de outras pautas, sobretudo, turbinada por uma declaração do Ronaldinho Fenômeno, de que não se fazia Copa do Mundo com hospitais, a narrativa sobre as manifestações se inverteu. A imprensa, a polícia e a opinião pública em geral passaram a apoiar o levante. O movimento foi apropriado por outras forças politicas.

A manifestação contra o aumento de passagem transformou-se em manifestações contra a Copa do Mundo. Naqueles atos, quando algum manifestante aparecia com uma bandeira ou camisa de algum partido político ou movimento social tradicional era hostilizado. O resultado foi o divórcio entre o “cidadão comum”, isto é, aquele não organizado em entidades políticas, e a institucionalidade partidária. Era o embrião da nova política, um fenômeno político que nega a própria política.

No ano seguinte, em 2014, tivemos um violento embate eleitoral entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), que quebrou também o pacto eleitoral existente entre as elites políticas e econômicas. O resultado foi o processo de impeachment contra a Presidente Dilma e o mergulho do país em uma insegurança institucional que dura até hoje. Não precisa dizer que Jair Bolsonaro foi o resultado desta onda. O bolsonarismo é a troca da negociação política por uma política de confronto, que encarna a própria antipolítica – ainda que por mais de três décadas tenha vivido à sombra da institucionalidade política.

Política é a forma que as sociedades humanas encontraram para gerar o poder coletivo, uma esfera da sociedade onde o poder se estrutura. Nas sociedades civilizadas os indivíduos abrem mão do confronto e passam a fazer política por meio de negociações. A palavra “política” é derivada do termo grego “politikos”, que designava os cidadãos que viviam na “polis”.

Ir às ruas no próximo dia 19 é muito mais do que o Fora Genocida, é o reencontro da política com as ruas, o reencontro da vida nacional com a civilidade, o debate franco e interessado na solução dos conflitos – o resgate da política. Em Blumenau, o ato está previsto para às 10:00 horas em frente à praça do Teatro Carlos Gomes. Venha com máscara.

2 Comentário

  1. Vermelhou o curral ……assim diz Fafá de Belém .

    Este povo não exerce a democracia , fazem baderna .

    Mas pelo menos as padarias vão vender pão e mortadela .

  2. Como diz o Autor “resgate da política”
    Que política?
    Porque não vão para a rua com as cores verde amarela?
    Então vejam, isto é uma camuflagem, loucos que querem reviver os 15 anos de roubalheira neste pais, da desordem, do ataque ao patrimônio público, dos inconformados da volta da democracia ( ainda não plena. é claro..) e etc.
    Não aceitam o resultado de votação da maioria dos Brasileiros.
    Têm que inventar títulos absurdos, do tipo “genocida” *política de confronto”.
    Mas não deixam de usar a máscara “vermelha” do comunismo.

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