“Esse NOVO, definitivamente, não me representa”, escreve João Amoêdo ao anunciar saída da sigla

Quando o partido Novo surgiu para a opinião pública, no final de 2017, começo de 2018, João Amoêdo era a cara da sigla. Um dos fundadores, foi o candidato a presidente da República em 2018, quando fez mais de 2,6 milhões de votos, 2,50 % dos votos válidos, ficando em quinto lugar, a frente de nomes como Marina Silva e Álvaro Dias. Naquela eleição, o Novo fez oito deputados federais, além do governador de Minas Gerais, Romeu Zema.

Quatro anos depois, Amoêdo, anuncia sua desfiliação, vendo o partido que ajudou a construir indo para um lado que muitas vezes parece um braço auxiliar do bolsonarismo, sob pretexto de combater o PT.

Há um bom tempo Amoêdo enfrentava resistências internas. Era para ser novamente o candidato a presidente, foi rejeitado por seus pares e a gota d’água foi o anúncio dele de voto em Lula no segundo turno, quando o Novo se engajou na campanha de Jair Bolsonaro (PL). Tomou uma suspensão por ter manifestado seu apoio ao petista.

“O Novo atual descumpre o próprio estatuto, aparelha a sua Comissão de Ética para calar filiados, faz coligações apenas por interesses eleitorais, idolatra mandatários, não reconhece os erros, ataca os Poderes constituídos da República e estimula ações contra a democracia”, escreveu em suas redes sociais.

Partiu de um deputado do Novo – Marcel Van Hatten – a proposta de CPI para investigar o STF e o TSE, sobre eventuais arbitrariedades cometidas, endossando coro de bolsonaristas inconformados com o resultado da eleição.

O Novo encolheu na eleição deste ano. Diminuiu sua bancada federal de oito para três deputados – um deles é o reeleito Gilson Marques, aqui de Pomerode – e o seu candidato a presidente, Felipe D’Avila,  fez cerca de 559 mil votos, 0,47% dos votos válidos. Para não dizer que tudo foi ruim, garantiu a reeleição de Romeu Zema em Minas Gerais ainda no primeiro turno.

O Novo emitiu uma nota onde enaltece a importância da trajetória de Amoêdo na história da sigla, mas que “lamenta profundamente tais declarações graves e infundadas”.

“Infelizmente, por atitudes e palavras como essas, ele se afastou cada vez mais dos princípios, das ideias e das pessoas do partido”, continua o texto, que afirma ainda que o Novo é “democrático e sem dono”.

Confira a manifestação de Amôedo na íntegra.

“Hoje, com muito pesar, me desfilio do partido que fundei, financiei e para o qual trabalhei desde 2010. Deixo um agradecimento especial a todos que fizeram parte desse time que com dedicação, humildade e determinação transformaram em realidade algo que parecia ser impossível.
Infelizmente, o NOVO, fundado em 2011 e pelo qual trabalhamos por mais de 10 anos, não existe mais.

Ao longo dos últimos 33 meses, sob a atual gestão, o NOVO foi sendo desfigurado e se distanciou da sua concepção original de ser uma instituição inovadora que, com visão de longo prazo, sem culto a salvadores da pátria, representava a esperança de algo diferente na política.

O NOVO atual descumpre o próprio estatuto, aparelha a sua Comissão de Ética para calar filiados, faz coligações apenas por interesses eleitorais, idolatra mandatários, não reconhece os erros, ataca os Poderes constituídos da República e estimula ações contra a democracia.

O partido, mesmo com o péssimo desempenho eleitoral, com a perda de milhares de filiados, a saída de inúmeros dirigentes, não esboça qualquer sinal de retomar o caminho original. Ao contrário, a direção da instituição prefere ignorar as evidências, busca silenciar as vozes divergentes, transfere responsabilidades e segue prometendo que “agora será diferente”.

Esse NOVO, definitivamente, não me representa.

Neste cenário, seria incoerente permanecer em um partido com o qual tenho diferenças de visão, de propósito e de conduta.

A minha saída do NOVO em nada muda a vontade de ajudar o Brasil.
Espero levar os aprendizados desse projeto e, junto com aqueles que conheci e que compartilham dos mesmos valores, trabalhar pelo que sempre foi meu objetivo: contribuir para melhorar a vida dos brasileiros.”

 

 

 

 

 

2 Comentário

  1. So pelo fato de ter apoiado o chefe de quadrilha no segundo turno ja mereceu a disfiliacao. Quem apoia bandido compactua com o roubo .

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