Especialistas acham que Exterminador do Futuro gera desinformação sobre as IAs

Imagem: reprodução

O sexto filme da franquia O Exterminador do Futuro, que no Brasil ganha o título de O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio, está previsto para estrear na próxima quinta-feira, 31. Embora o público esteja muito ansioso pela estreia do longa, o filme gerou polêmica entre especialistas relacionados com a inteligência artificial. Em laboratórios da Universidade de Cambridge, pesquisadores temem que o filme leve o público a se enganar sobre os verdadeiros perigos da inteligência artificial.

Em entrevista à BBC News, o cientista Yoshua Bengio, um dos pioneiros no desenvolvimento de deep learning, conta sua insatisfação em torno da franquia: “Eles criam uma imagem que não é coerente com o atual entendimento que se tem sobre como os sistemas de IA funcionam no presente e no futuro próximo. Estamos muito longe de sistemas de IA superinteligentes e pode haver alguns obstáculos muito grandes para ir muito além da inteligência humana”, afirma.

De acordo com os especialistas, O Exterminador do Futuro pode gerar medo e desinformação sobre sistemas inteligência artificial, já que, no novo filme da franquia, ciborgues basicamente instauram o caos e controlam o mundo. “A realidade é que isso não vai acontecer”, defende Edward Grefenstette, pesquisador na unidade de pesquisa em inteligência artificial do Facebook em Londres. “Normalmente, quando as pessoas falam sobre os riscos de IA, elas imaginam cenários onde as máquinas alcançaram uma ‘inteligência artificial geral’ e têm habilidades cognitivas para agir muito além do controle e das especificações passadas por seus criadores humanos”, acrescenta. Bengio, por sua vez, reitera: “Os sistemas mais avançados de hoje não são capazes nem de controlar o corpo de um rato”.

Já o pesquisador Neil Lawrence, que ensina machine learning na Universidade de Cambridge, diz que seria mais apropriado chamar boa parte da tecnologia de inteligência artificial de hoje de “computação e estatística”. Segundo ele, “a maior parte do que chamamos de IA hoje é o uso de grande capacidade computacional combinada com muitos dados, para selecionar correlações estatísticas”. Ele afirma que o filme pode fazer as pessoas refletirem sobre como as guerras serão no futuro.

O fato é que cientistas afirmam que não precisamos esperar pelo futuro para ter uma ideia de possíveis danos causados pela inteligência artificial, uma vez que sistemas de reconhecimento facial já estão sendo usados para encontrar a oprimir minorias na China, por exemplo, bots estão sendo usados para manipular eleições em redes sociais, e vídeos de deepfakes têm preocupado muito os especialistas no assunto — além da população em geral, já que tais vídeos simplesmente adicionam o rosto de qualquer pessoa à filmagem de maneira extremamente realista.

“A imprensa precisa parar de tratar a IA como um tipo de descoberta científica que foi encontrada em uma escavação ou encontrada em Marte. Inteligência artificial é apenas uma tecnologia que as pessoas usam para fazer coisas”, finaliza Bryson.

Fonte: BBC

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