Amor Fascista

Suzana Sedrez

Psicóloga, Dra. em Educação, Mestre em Ciências Sociais

 

A soberania masculina surge a partir da destruição do direito materno, no comunismo primitivo, em favor das causas econômicas (produção de excedente, propriedade privada e garantia de herança). Nesse contexto, as mulheres passam a se submeter aos homens, marcando a passagem das sociedades matriarcais para as sociedades patriarcais.

Como se vê, a origem das práticas de controle, proibição e permissão do sexo são antiquíssimas. Seus estudos, sentido, causas, variações no tempo e espaço, no entanto, datam do século XIX.

Estes estudos apontam que é, sobretudo, na família que se produzem as condições de reprodução do machismo. Ali, estão asseguradas ao homem o poder e a autoridade, que não possuem na sociedade, e não exercê-lo, para muitos, se constitui em desonra.

O machismo é histórico e estrutural e toda discussão do feminismo significa a politização do feminino. As mulheres vem se descontruindo há séculos.

Hoje, mais empoderadas, ocupam, através de muitas lutas, novas possibilidades de participação social. Suas lutas atuais caminham na direção da complementariedade sexual numa tentativa atávica de superação da dominação sexual.

Entretanto, a ampliação da prática machista, no social, opera o comportamento fascista alicerçado aos os meios de comunicação. Estes administram e conduzem os afetos populares. Instalam regimes de pensamento onde negar o outro é um jogo político conduzido pelo empobrecimento da linguagem. A forma de comunicação fica alterada e esvaziada de pensamento, emoção e ação, especialmente porque há repetição exaustiva de verdades inventadas para manter o que foi sendo banalizado e ou institucionalizado.

Ideias prontas são estocadas verticalmente em mentes desavisadas. Esse perfil fascista olha o outro e se sente menor, porque não pode ser o outro. Sua raiva e rancor explicam-se pela inferioridade intelectual e incapacidade de reflexão. Sente-se humilhado, sobretudo, porque vive numa lógica de se medir e se comparar com o outro a partir dos parâmetros introjetados, diuturnamente e incansavelmente, via meios de comunicação alienantes.

A consequência inevitável é a reprodução de um tipo de analfabetismo político cuja “suposta convicção”, segmentada e descontextualizada, atende interesses específicos que “não vem ao caso”.

Esse personagem de ficção não se relaciona com sua própria dor de existir e muito menos com a dor do outro. Não suporta nada que seja afetivo e não procura ajuda para a sua angustia que é a de não poder entender a diferença do outro, que precisa ser negada e silenciada pelo medo. O mesmo medo que o constituiu e que reproduz.

A superação desse anacronismo está em lutar contra nosso próprio tempo. Urge a tessitura de processos dialógicos, pois a vida tem prazos de validade.

 

3 Comentário

  1. De onde esses extremistas de esquerda retiram suas pérolas, carregadas de falsos preceitos históricos, é algo a ser estudado. Uns livros de antropologia e História fariam bem a essa moça.

  2. “A soberania masculina surge a partir da destruição do direito materno, no comunismo primitivo.”

    Começando um texto com a frase acima , esperar o que das demais linhas ?

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