A entrevista do ano, o jornalismo e as bolhas

Ainda não tinha conseguido escrever sobre a entrevista que fiz, junto com o Paulo César da Silva, com o ex-presidente Lula (PT), na parceria entre o Informe Blumenau e a Rádio Clube, nesta quarta-feira, que repercutiu nacionalmente, por conta do que representa o provável candidato do PT à Presidência da República, para o bem e para o mal.

Lula é figura central na história política brasileira desde a década de 1970 e o fato de conseguirmos esta entrevista nos engrandece como profissionais e fortalece os veículos de comunicação que representamos. Como bem lembrou o professor, jornalista e radialista Arnaldo Zimmermann, a última entrevista exclusiva dada por Lula em Blumenau foi em 2001, antes de eleger-se presidente.

Em tempos de Internet, a fala de Lula, repercutida pelos canais oficiais dele, gerou repercussão nacional. Os presidenciáveis Ciro Gomes (PDT) e Sérgio Moro (Podemos), por exemplo, se manifestaram sobre pontos falados na entrevista.

Na entrevista, Lula manifestou solidariedade a Ciro, no dia que o pré-candidato do PDT foi alvo de uma ação da PF, e desdenhou da pré-candidatura de Moro, além de acusá-lo de uma conspiração econômica internacional, o que virou notícia na imprensa nacional, valorizando ainda mais o trabalho de dois jornalistas e dois veículos de comunicação de Blumenau.

Como falei na entrevista, não é questão de concordar ou não com o Lula, gostar ou não gostar dele. É fazer jornalismo.

Somente no Informe Blumenau Entrevista, conversamos com cerca de 40 pessoas ao longo de 2021, com representatividade em seus nichos de atuação. A maior parte delas, na área política.

Perdi as contas das entrevistas que fiz ao longo destes mais de 30 anos de jornalismo, sempre procurando o interesse público, mas respeitando o entrevistado. Sendo crítico, mas não prepotente, pois entendo que quem tem algo para falar não sou eu, assim como não me cabe fazer pré-julgamentos.

O jornalista atua como um meio, com informações e contextualizações, dando visibilidade a todas correntes de pensamento possíveis, sem necessariamente concordar.

Na entrevista desta quarta-feira, Lula usou a maior parte do seu tempo para criticar o presidente Jair Boslonaro (PL) e mostrar as diferenças entre os dois.

Falou sobre economia, corrupção, política de alianças, BR 470, relação com o eleitorado de Santa Catarina e uma mensagem bastante direcionada a população mais pobre. A entrevista completa você acompanha aqui, mas ainda vou escrever de forma específica sobre estes dois últimos tópicos.

Foi um trabalho jornalístico, como tantos outros, mas com a diferença que o entrevistado é um ex-metalúrgico, presidente da República, presidiário e favorito nas pesquisas de opinião para a eleição de 2022. O que mexe com paixões, com amor e ódio, sentimentos irracionais e intolerantes, reverberados pela amplitude das redes sociais.

Foi assim mais uma vez e, infelizmente, estou me acostumando. Desde que anunciei a entrevista, a repercussão foi enorme, com muita gente criticando a iniciativa, a minha índole e do Informe Blumenau. Para o público que nos acompanha, sou rotulado como “petista, comunista e esquerdista”. Não sou petista – sou profissional -, muito menos comunista e me identifico com muitas bandeiras do campo da esquerda, mas não me enquadro como “esquerdista”.

O curioso é que, pela primeira, fui chamado de “extrema-direita” catarinense, formulando “perguntas  tendenciosas”. Mas aconteceu, não nas redes sociais do Informe “esquerdista”, mas sim nas redes sociais oficiais do presidente.

O que reforça o conceito de “bolha” que vivemos neste momento, graças ao avanço da tecnologia. Estamos conectados como nunca, mas a aquilo que acreditamos ou que somos induzidos a acreditar, que passa a nos ser entregue em massa pelos algoritmos das  redes sociais, cuja lógica é atender as nossas preferências.

O que reforça nosso papel como jornalista e veículo de comunicação social.

 

 

 

 

 

 

8 Comentário

  1. Na entrevista desta quarta-feira, Lula usou a maior parte do seu tempo para criticar o presidente Jair Bolsonaro (PL) e mostrar as diferenças entre os dois.

    Diferença entre os dois…..um já viu o sol nascer quadrado, o outro não .

    Se Lula até pode se eleger , na VENEZUELA.

    Não sou partidário , sou a favor da dignidade, do caráter , jamais posso aceitar que um Ladrão dos cofres públicos tenha holofotes .

  2. Pois é Alexandre … acompanho seu trabalho já faz bastante tempo, e de fato é perceptível sua identificação com algumas bandeiras da esquerda, principalmente em matéria de valores e costumes, o que é normal, uma vez que antes de jornalista você é humano, e tem suas predileções. Mas justiça seja feita, você abre espaço para todos falarem, inclusive eu já pedi e tive a oportunidade de fazer um contraponto em relação a um articulista. E acho que deve ser assim. Pensar que existem jornalistas totalmente isentos é ignorar que somos seres racionais, com nossas preferências e opiniões. Parabéns pela entrevista. Embora discorde em gênero, número e grau com o entrevistado, jamais serei contra a oportunidade dele falar …

  3. Lula presidente de novo ..e olha,q o homem e respeitado lá fora e aplaudido de pé..infelizmente o pessoal leigo não consegue ver

  4. Ao Sr. Rubens Serpa, com todo respeito e admiração pela vossa pessoa e tantos outros que tem a mesma convicção, quero frisar que acompanho sempre pela Radio Bandeirantes as 18h o Jornalista Reinaldo Azevedo que também não é partidário e imparcial nas suas analises políticas.

    E com base nas declarações deste jornalista, Reinaldo Azevedo, ele desafia qualquer jurista a encontrar uma prova que acuse o LULA de ter roubado. Nos autos da lava jato o Juiz Sergio Moro foi parcial, isso dito pelo STF. Por tanto, não gostar de um determinado candidato isso é normal, pois vivemos em um sistema democrático que espero que continue muito tempo e não compactuo como o comunismo e tampouco o fascismo, mas acusa-lo sem provas isto tem indícios de golpe.

    Destaco que evidencias não são provas. Colocaram LULA na cadeia por politicagem para eleger um desgoverno incompetente e, Moro caiu nessa e ainda da uma de bom mocinho para tentar ser Presidente. E, tem mais Rubens, LULA é aceito em todos os países da América Latina, e creio que o Povo Venezuelano o aceitaria muito bem. Para concluir, quem viveu na gestão do LULA não tem o que reclamar pois é considerado o melhor Presidente após Getúlio Vargas.

  5. Grande Alexandre. Parabéns pela brilhante entrevista. Chupa essa manga isentão.

  6. Uns e outros preconceituosos e alienados ( até com comentários neste espaço) têm dificuldade em aceitar a comprovada inocência e o prestigio internacional do Lula. Fazer o quê? Cerpa é marca de cerveja ruim ?

  7. Com todo respeito a sua opinião Sr. Ivo….Lula é e será sempre Lula ….corrupto.

    Já que todos os países da América latina aceitam Lula, quiçá ele vá ser candidato em um destes países e nos deixe em paz , e ele e sua quadrilha.

    Não defendo Bolsonaro, não defendo nenhum político , mas tenho asco de corrupto , ladrão e pessoas sem a mínima dignidade .

    Se roubar, desviar , enganar, mentir , surrupiar é ser o melhor presidente depois de Getúlio , então ele foi ….mas somente nestes quesitos .

    Sindicalista , nunca trabalhou na vida , sempre viveu de mamatas , ele e seus filhos….pago a passagem de primeira classe para ele ir para VENEZUELA , pago com gosto .

    Estão lançando a trilogia dele , deveria chamar ” Do ABC ao poder , nada é meu “

  8. Imputar crime a outrem é calúnia e calúnia é crime, portanto sr. Cerveja quais são as provas que vc tem para imputar crime a outrem? Se não as tem estais a caluniar e calúnia está capitulada no Código Penal. Crimes contra a honra. O bolsominion hj pousa de isentão.

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