Voluntariado que transforma

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Adriana Costa

idealizadora da ONG Trapamédicos

Há 10 anos, tudo o que eu queria era ser palhaça de hospital. Desde pequena acompanhava o trabalho voluntário da minha família, em especial da minha avó no Voluntariado da Saúde do Hospital Santa Isabel, em Blumenau. E foi com essa proximidade que vi nascer a vontade de participar de alguma forma dessa ação.

E ao acompanhar e conviver com projetos como o paulista Doutores da Alegria tive ainda mais certeza: queria ser palhaça de hospital. Foi desse desejo que surgiram os Trapamédicos, que há 10 anos buscam transformar o ambiente hospitalar de quatro instituições blumenauenses.

Me orgulho de hoje poder compartilhar meu sonho com mais de 50 voluntários, que dedicam tempo e energia para o projeto. Não foi um caminho fácil até aqui. O voluntariado, quando ganha as proporções da nossa iniciativa, exige desempenho, cuidado, dedicação, organização e preparação. Não basta colocar um nariz vermelho e entrar num quarto.

Não somos palhaços comuns. Nosso objetivo não é fazer graça. É transformar. É levar um pouco de nós para quem está internado ou mesmo acompanhando um ente querido em um momento difícil. Não é preciso ser engraçado para ser voluntário. Basta ter dedicação e entender a essência do nosso trabalho.

Ser voluntário é assumir um compromisso que nos faz abdicar de outras atividades, ir para a visita mesmo quando a vontade é de ficar em casa. Somos palhaços que não querem arrancar risadas, mas sim transformar o momento daquele que está recebendo nossa visita, seja ele o paciente ou não.

Não tratamos doenças, não nos importa a patologia. Vamos além do diagnóstico. Não curamos ninguém, mas ajudamos a aliviar o fardo, muitas vezes sobrecarregado, de quem está no hospital.

Em dez anos, mais de 40 mil pessoas receberam, em algum momento marcante de suas vidas, a visita de um doutor em besteirologia em Blumenau. Talvez a gente não se lembre de todos os rostos que encontramos nesta década de jalecos e nariz vermelho. Mas sabemos que, de alguma forma, estamos cumprindo nosso papel: fazer desse mundo – e dos hospitais – um lugar um pouco mais humano de se viver.

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