Vereadores de Blumenau aprovam moção de repúdio contra evento em escola

Foto: Informe Blumenau

Os vereadores usaram boa parte da sessão desta terça-feira, e inclusive aprovaram uma moção de repúdio, para tratar de uma iniciativa da escola estadual Elza Pacheco, que promoverá em novembro um festival de cinema com ciclo de palestras com tema diversidade, em três vertentes: cultural, religiosa e sexual.

O objetivo da iniciativa é, segundo material que recebi: “Utiliza-se de produções cinematográficas para o levantamento de debates acerca de um tema diferente a cada ano. Em 2017, os temas escolhidos foram as diversidades culturais africana, indígena e no Oriente Médio, além da religiosa e de gênero.  A partir destes, realiza-se atividades que construam conhecimentos junto aos (às) estudantes na busca de um constante repensar das relações estabelecidas nos espaços de convívio em sociedade.

Durante o festival os estudantes foram desafiados a produzirem vídeos, fotografias, dissertações, cartazes, depoimentos entre outras atividades. O objetivo é mostrar a toda a comunidade escolar envolvida, o quanto a intolerância está muito presente na vida das pessoas, impedindo que muitas consigam reconhecer a diversidade como um fator de engrandecimento da própria sociedade.”

Pois é, a intolerância vem do próprio Legislativo. Alguns por crenças religiosas, outros por convicção pessoal e outros para buscarem holofotes. No final de debates acalorados, a Câmara aprovou a moção de repúdio, proposta pelo presidente Marcos da Rosa (DEM), com apoio de outros parlamentares. A moção também pede o cancelamento do evento, mesmo ele sendo realizado em uma escola da rede pública estadual.

Os vereadores mais contundentes nos discursos contra a iniciativa foram o próprio Marcos, Ricardo Alba (ainda no PP) e Almir Vieira (PP).

O vice-presidente da casa fez duas afirmações que chamam a atenção. “Tirar dinheiro, tirar tempo para falar disso”, como se não fosse isso que os vereadores fizeram nesta terça-feira. E ainda disse que a diretora da escola estadual tem que ir na Câmara dar satisfação.

Marcos da Rosa disse que “querem retroceder a Sodoma e Gomorra”, uma referência a uma passagem bíblica que diz que as duas cidades “foram destruídas por Deus por causa da terrível perversão sexual de seus habitantes”, de acordo com o Wikipédia. “É um ataque midiático que está acontecendo contra as nossas famílias”, disse também Marcos da Rosa, líder religioso da Igreja Assembleia de Deus.

Da turma que defendeu a realização do evento, estavam Ailton de Souza(PR), Bruno Cunha (PSB) e Professor Gilson (PSD).

“Conheço o professor que organiza, é um debate e estarei lá. Se queremos vedar o debate, então podemos fechar esta casa”, disse o vereador Gilson, afirmando que “não é comunista e nem esquerdista”.

Bruno Cunha questionou: ” que Deus é este que vocês defendem?”

Gostei muito da posição do Ito: “não defendo ideologia de gênero, mas acho que se a escola abriu porta para o debate, cabe que nós vereadores compareçamos, para acompanhar e fiscalizar”.

Nove vereadores votaram a favor do requerimento: Almir Vieira, Ricardo Alba, Alexandre Mathias, Jens Mantau e Alexandre Matias ( os três do PSDB), Zeca Bombeiro (SD), Marcelo Lanzarin (PMDB), Oldemar Becker (DEM) e Alexandre Caminha (PROS). Como o presidente Marcos da Rosa só vota em caso de empate, não aparece na lista. O vereador Jovino Cardoso (PSD) não estava na hora do voto, mas já havia manifestado contra o evento.

Contra a proposta votaram apenas Gilson, Bruno e o Ito.

Estranhamente, o vereador Adriano Pereira (PT) se absteve.

Ao final, na sua justificativa de voto, o vereador Gilson disse que ficou “assustado”. Confesso que como cidadão, pai de quatro filhos, também fiquei.

Tomara que a escola mantenha o evento e  não se submeta ao moralismo recente. O foco são estudantes e o debate é oportuno, faz todos crescerem e não tornarem-se deste ou daquele jeito. Isso está na cabeça dos outros.

A programação completa do evento e a proposta você confere aqui.

4 Comentário

  1. Parabéns a Câmera de vereadores de Blumenau! E esquerdistas, vão a merda!

  2. Enquanto os esquerdistas querem implantar de qualquer maneira a ideologia de gênero nas escolas. A nossa educação vai de mal a pior vão ensinar matemática, português e física etc..e chega com esse patinho politicamente correto.

  3. MEU AMIGO ENTENDA QUE NÃO É MORALISMO RECENTE !!
    ESCOLA É LUGAR DE APRENDER MATEMATICA E PORTUGUES,!

  4. Não sei se chorro ou rio, desses vereadores, que ao invés de estarem organizando ao povo para ir as ruas protestas com os desmonte do País, com todas as maldades do Governo Golpista do TEMER, ficam trazendo discussões fascistoides e tirando nota de repúdio que nos envergonham em quanto caratatinenses. A discussão de gênero é fundamental para que não criamos a semelhança desses vereadores pessoas fascistas e retrógradas. Por um país sem sem censuras e sem quaisquer tipo de discriminação.

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