Útero artificial: projeto quer concluir gestação de prematuros em bolhas

Foto: Lisa Mandemaker/Bram Saeysmmc

Já pensou em bebês se desenvolverem dentro de úteros artificiais, que mais parecem enormes balões flutuando no teto? Essa história parece mais uma distopia do que realidade — pelo menos era o que se pensava até o encontro entre as designers Lisa Mandemaker e Hendrik-Jan Grievink e a pesquisadora médica Guid Oei. O trio está a cinco anos de desenvolver o primeiro útero artificial para bebês humanos, que simula de perto as condições encontradas em um útero biológico.

O projeto foi pensado como uma solução para as altas taxas de mortalidade em nascimentos prematuros. Assim, o objetivo do útero artificial procura fornecer aos bebês nascidos antes do termo, entre 24 e 28 semanas, um ambiente em que seus corpos possam continuar se desenvolvendo.

“Toda semana em que conseguimos prolongar o crescimento de um feto de 24 semanas, em um útero artificial, aumentamos as suas chances de sobrevivência em até 18%”, afirma a médica envolvida no projeto. “Se pudermos estender isso para 28 semanas, o maior perigo de morte prematura provavelmente terá ido embora.”

No início de outubro, Oei e seus colegas do Centro Médico Máxima garantiram uma doação de 2,9 milhões de euros (US$ 3,2 milhões) para criar um protótipo funcional do útero, que consiste de uma grande bolsa cheia de líquido, como água e minerais, conectada a uma placenta artificial.

O trabalho, mesmo que experimental, traz importantes inovações para os tratamentos disponíveis. Atualmente, bebês prematuros são internados em incubadoras, onde ficam envoltos pelo ar e sob risco de contrair infecções. Já no útero experimental, continuarão seu desenvolvimento na água, um ambiente muito mais próximo ao líquido do útero materno.

“Não sabemos quais são as consequências para os bebês”, afirma Oei. “Não sabemos também sobre as implicações de curto e longo prazo”. Ainda assim, se a equipe criar um protótipo funcional do útero, a invenção poderá salvar a vida de inúmeros recém-nascidos. No entanto, esse projeto pode desafiar completamente as noções atuais sobre reprodução.

“Imagino que mais adiante, no futuro, um útero artificial possa se tornar parte de uma escolha feita para as mulheres, porque você não precisará se preocupar com doenças ou com as mudanças no seu corpo”, comenta a designer Lisa Mandemaker. “A reprodução natural não é o único caminho.”

Fonte: Futurism, Next Nature, BBC e CanalTech

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