Uma audiência “democrática”, para uma mídia “tendenciosa”

Reprodução: Informe Blumenau

Sim, o grande mérito da audiência pública para debater o passaporte sanitário e a obrigação de cartão vacinal em alguma situações foi a mobilização. Com um público bem além da capacidade, obviamente sem preocupação com máscara e distanciamento, a Câmara Municipal ficou pequena. Os presentes, salvo raras exceções, se posicionaram contra uma exigência que não existe no âmbito público municipal, regulada por decreto estadual.

Alguns momentos que antecederam o início foram tensos, pois muita gente ficou de fora do plenário, atrasando o começo. Para tentar acalmar os presentes, a vereadora Silmara Miguel (PSD), proponente da audiência, usou o microfone para acalmar os ânimos e usou expressões como  “vocês me enchem de orgulho, lutando pela liberdade” e “estamos no mesmo lado”.

Na largada, quatro “autoridades” falaram. Coloco entre aspas, pois foram as pessoas que tiveram tempo maior para falar, cerca de 10 minutos. Três de forma remota, pois são pessoas de fora de Blumenau.  Akemi Shiba, médica psiquiatra, a Dra. Maria Emilia Gardelha Serra, médica otorrinolaringologista e o Dr. José Augusto Nasser dos Santos, médico neurologista, que detonaram a vacina.

De Blumenau, o médico sanitarista, que tem mais aderência com o tema, Mário Kato. Foi chamado de “comunista, comunista”, ele que é servidor da Prefeitura, dirigente sindical e candidato do PCdoB na eleição passada. Por conta da pertinência do que falou e por ser da cidade, farei um post extra assim que der.

O fato de Kato do PCdoB foi a explorado pelo deputado Jessé Lopes (ainda no PSL), conhecido por suas posições extremistas na Assembleia Legislativa e reverberada nas redes sociais. Como todos, discursou pela liberdade de escolha. Em seguida, falou a deputada Ana Campagnolo (ainda no PSL), que associou Hitler a obrigatoriedade do passaporte vacinal.

Um advogado e um professor, também de fora Blumenau, falaram ainda, de forma remota. Também na linha da liberdade e de teorias negacionistas, no sentido literal da palavra, com um tempo maior.

Arlene Graf, mãe de Bruno Graf, advogado de Blumenau que morreu depois da 1ª dose, morte comprovada como efeito colateral, fez seu  depoimentos muito esperado e emocionado. Ela disse, com todas as palavras, que a população está sendo tratada como cobaia, que a vacinação é uma “roleta russa” e as pessoas não precisam ser obrigadas a vacinar.

O vereador Almir Viera (PP) disse que o que “mais mata no Brasil é o que diz que Lula está na frente das pesquisas, é a imprensa comprada”. O vereador de Joinville, William Tonezi (Patriota) falou da audiência que realizou na cidade dele.

O vereador Adriano Pereira (PT), isolado, foi corajoso, ele que garantiu o convite para Mário Kato. Apresentou dados e fez criticas ao Governo Bolsonaro e, claro, foi vaiado.

Em seguida, o vereador Marcos da Rosa (DEM), que apresentou recentemente projeto para proibir o passaporte da vacinação, falou que as pessoas que defendem o passaporte são pessoas favoráveis ao aborto, as drogas e por aí foi.

O medico Bruno Trauczynski, de 72 anos, médico-cirurgião dos mais renomados de Blumenau usou a palavra para se posicionar contra o passaporte, com um discurso inflamado, mas sem embasar na medicina.

Entre os populares inscritos, pelo menos dez pessoas se manifestaram, entre eles Rui Godinho, policial civil suplente de deputado federal pelo PSL, Alcino Carrancho, figura conhecida por posições folclóricas, Alcione Kleine, candidata a vereadora na eleição passada, e Ionara Silva, que teria sido a idealizadora da audiência, situação manifestada pela própria proponente.

“Este liquido não é vacina e sim um instrumento ideológico da vacina China Comunista para dominar o Brasil”, disse Ionara, que misturou Olavo de Carvalho com religião, numa manifestação explicita que pode caracterizar xenofobia. “Não dá para confiar em comunista, comunista não é gente”.

Todos com discursos ideológicos, com os presentes aplaudindo e gritando “mito, mito”.

Médicos, especialistas, entidades, imprensa, políticos, Justiça, Ministério Público foram colocados na mesma vala pelas “autoridades” que se manifestaram. Sob suspeita.

Muitos dos que falaram fizeram questão de afirmar que não se vacinaram e falaram que não existe vacina e sim “droga experimental”.

Tentei listar as falas pela ordem que aconteceram.

No começo da sessão, citando o médico Mário Kato, a  vereadora Silmara Miguel fez questão de dizer que a audiência realizada pela Câmara Municipal abriu espaço para todos, convidando gente de diferentes visões. E chamou um portal de notícias de tendencioso e maldoso. Pois é, vestindo a carapuça, sobrou para a imprensa e especificamente para o Informe Blumenau.

Agora, um debate na Casa do Povo ter pelos menos 20 debatedores defendendo um lado e apenas dois – Mário Kato, medico sanitarista e o vereador Adriano Pereira (PT) – defendendo o outro lado não é tendencioso.

Deixando claro que o prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt (Podemos), a vice Maria Regina Soar (PSDB), o secretário de Saúde Winnetou Krambeck foram convidados e não apareceram. A posição da Prefeitura esta claramente manifestada nas transmissões oficiais do Munícipio, assim de como de todas autoridades, desde o Governo do Estado ao Ministério da Saúde, passando pela Anvisa.

Os responsáveis pelos hospitais da cidade, que atendem pelo SUS e pela rede privada, não foram convidados, pelos menos não estavam na lista.  Também não vi na lista representantes de entidades médicas e associações de classe da saúde.

A sessão terminou com os presentes rezando o Pai Nosso, puxado pela vereadora Silmara.

 

9 Comentário

  1. Deviam botar essa turma de IMBECÍL para trabalhar nas Utis, bando de acéfalo. Manda aquele policial quando for trabalhar em uma operação ir sem colete, e sem bala na arma. O gado foi em massa para pastar, ainda bem que são a minoria!

  2. Infelizmente vocês são muito tendenciosos, chegando ao cúmulo de dizer que só uma pessoa a favor do passaporte foi convidada. Mentira, os defensores especialistas dessa insanidade são poucos e vcs sabem disso.

  3. Circo montado para vereador utilizar como palanque de eleições….uma vergonha .

  4. É surreal. Não sei nem o que dizer, mas parece que abriram as portas do hospício e largaram os malucos lá na Câmara. Misturam vacina com comunismo, religião, aborto, xenofobia, imprensa comprada, e outras coisas.

    Ninguém se preocupou com o trabalhadores da saúde (hospitais, AGs, ESFS, etc) que estão esgotados, e agora, tratando e cuidando principalmente dos negacionistas que não tomaram a vacina.

    E o que mais entristece é saber que a Igreja Assembléia de Deus, que sempre teve um trabalho excepcional de evangelização, hoje está mais preocupada em ocupar espaços políticos com legisladores sem a minima capacidade e que, quando contrariados e sem saber argumentar, vem com a conversa de “preconceito religioso”. Alô, Pastor Nilton, é esse o caminho de vcs?

    Obrigado, Alexandre pela clareza na informação. E, se tem algo tendencioso foi essa audiência que não serviu pra nada. Que vergonha alheia dessas pessoas.

  5. Quem escreveu essa matéria tbm se mostrou tendencioso, expressando sua opinião e posicionamento de forma velada no texto.
    Vale lembrar ao pseudo-reporter que a sua função primária e única é de apresentar os fatos de maneira isenta, e só.
    Cabe ao leitor fazer juizo do que foi apresentado, segundo o seu intendimento.
    Zero para a sua atitude, ela sim, tendenciosa.

  6. A câmara de vereadores deu oportunidade para quem quisesse se manifestar, todos que lá estavam tiveram a possibilidade de de expressar, acompanho as notícias VERDADEIRAS que circulam na internet, que a mídia suprime do grande Público, não existe vacina, o que existe é um experimento genético questionável, que está sim trazendo problemas para milhares de pessoas mundo a fora, se a mídia estivesse preocupada com a saúde da População brasileira colocava TODAS AS CARTAS na mesa. Tragam os laudos técnicos ao Público, tragam vítimas da vacina para a grande mídia, deixem os va-ci-na-dos que foram vítimas falar abertamente. Aí sim vocês serão respeitados como um veículo de imprensa.

  7. Engraçado, chamar de comunista, uma pessoa que é filiado ao partido COMUNISTA do Brasil é errado.
    Médicos falarem que são contra a vacina e passaporte são errados, população ter opinião e querer não tomar a vacina que já foi provado que não é imunizadora, é errado.
    Não entendi porque o único corajoso da sessão era o vereador do PT, as demais pessoas que estavam ali lutando pelo seu direito não são corajosas?

    Semana passada 3 pessoas da minha familia pegaram covid, ficaram em isolamento e já estão melhores, mas os 3 já haviam tomado inclusive a terceira dose da tal vacina imunizadora.

    Na própria matéria fala do advogado que morreu e foi comprovado que foi efeito da primeira dose.

    Depois querem dizer que este canal de imprensa não é tendencioso.

  8. O colega Marcelo, aqui dos comentários ( do dia 17.02 às 10:07) explanou muito bem.
    Essas figuras negacionistas, diria folclóricas, se agarram em determinado ponto de vista, acreditando que isso lhes dê uma superioridade de opinião.
    Gente tacanha !

  9. Como já foi citado a está reportagem também é tendenciosa ,pois mostra seu pensamento insinuando que os contras estão errados que são negacionistas….

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