Um ano depois…

Foto: Marcelo Martins/PMB

Há um ano, no dia 20 de março, Blumenau registrava os dois primeiros casos positivos de Coronavírus. Santa Catarina já havia decretado as primeiras e duras medidas restritivas, suspendendo aulas, o transporte coletivo e diversas atividades econômicas. O período era de muito medo, muito mais dúvidas do que certezas.

Era coisa para 14 dias, 30 talvez, e se tudo corresse bem até metade do ano teríamos superado esta doença. Ledo engano.

O cenário mundial era perturbador e as medidas se impunham pelo risco de colapso no sistema hospitalar, situação que vivemos hoje, um ano depois. Não há mais UTIs, faltam profissionais, os insumos estão no limite e pessoas estão na fila de uma vaga e o pior, morrendo a espera de uma. Um protocolo médico foi estabelecido para definir quem tem mais chance de sobreviver numa competição mórbida por um leito de emergência.

Neste período, um ano depois, é possível ver nossos governantes baterem cabeça, em especial nas esferas federal e estadual, seja por negacionismo, politização e omissão. Não critico aqueles administradores que, por excesso de zelo, adotaram medidas que hoje possam ser consideradas excessivas e elogio todos aqueles que priorizaram sempre a vida, ouvindo os médicos e a ciência.

Houve e há ainda a equivocada dicotomia entre vidas e economia, sem entender que elas andam juntas. É preciso dimensionar o prejuízo de quem ficou sem poder trabalhar durante o ano, sendo que muitos ainda se encontram nesta situação, em especial o setor de bares noturnos e o de eventos. Estes segmentos, e alguns outros, acabam recebendo o carimbo de potenciais vetores de transmissão do vírus e são penalizados por medidas incoerentes e insuficientes, gerando prejuízos para os empresários e, principalmente, para os milhares de trabalhadores diretos e indiretos.

E o pior que este fechamento não veio acompanhado de uma política emergencial de atendimento aos atingidos, através de isenção de tributos, oferta de subsídios e outras medidas compensatórias que deveriam ser estudadas.

O Informe Blumenau defendeu as medidas restritivas duras impostas lá atrás e defende um lockdown geral neste grave contexto que vivemos. Somente com um fechamento de fato de todas as as atividades por 14 dias  ou até 30 dias, mantendo abertos apenas os estabelecimentos como mercados, farmácias e da área saúde, conseguiremos tentar minimizar a circulação do vírus, numa tentativa de brecá-lo de forma mais efetiva, o que não conseguimos até agora.

Estas medidas precisam ser impostas de forma estadual, unificada, e acompanhada de medidas financeiras compensatórias.

Mas este lockdown de faz de conta não vai nos levar a lugar algum e prejudica apenas alguns setores, os quebrando economicamente e os estigmatizando.

Neste domingo de manhã que escrevo esta postagem, recebo a notícia da morte de um grande amigo de juventude, morador de Porto Alegre, o Iran Rosa, arquiteto e músico. Ele tinha minha idade, 56 anos, e perdeu a luta para a Covid depois de cerca de 20 dias na UTI.

Um ano depois do primeiro caso em Blumenau ainda estamos longe de uma solução, aqui e no mundo. Precisamos levar a sério, termos empatia e cobrar medidas assertivas de nossas autoridades e repudiar postura de quem acredita que a Terra é plana, remédio para piolho é a salvação, contra a máscara  e defende a Ditadura.

E é claro, fazer a nossa parte. É fácil cobrar fiscalização em roda de amigos, mas o que vivemos hoje é tão grave que não precisamos de uma “autoridade” para nos dizer o que devemos fazer.

1 Comentário

  1. Bela frase,a situaçāo é grave,Nāo precisamos de autoridades para dizer o que fazer.

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