Opinião: valhacouto dos canalhas

Não acredito em destino, também não acredito em “Lei do Retorno”, mas confesso que os acontecimentos de 2019 para cá me fizeram identificar aquilo que popularmente é chamado de “ironia do destino” (quando o futuro acaba nos surpreendendo).

Desde o golpe de 2016 com a cassação da Dilma ou antes, março de 2014 com o início da Lava Jato ou antes ainda, aí por 2004, com o “mensalão” era opinião de que o PT encontrara o seu fim, coisa que se fortaleceu com a prisão da sua inegável maior liderança – o Lula. A sensação quase geral era de que o conservadorismo nos costumes (e na política, é claro) e o neoliberalismo na economia haviam triunfado definitivamente.

Com a posse de Jair Messias Bolsonaro na presidência da República, em janeiro de 2019 após vencer a eleição em segundo turno com 57.797.847 de votos, acompanhada da mitificação do Bolsonaro e o fanatismo de seus seguidores pareciam selar definitivamente o destino da nação.

Porém, um pouco adiante, em junho de 2019 vem a público o vazamento de conversas, realizadas através do aplicativo Telegram, entre o ex-juiz Sergio Moro e o promotor Deltan Dallagnol, além de outros integrantes da força-tarefa.

Assim a “Vaza Jato”, como ficou conhecida a operação que detonou a Lava Jato, indicou que Moro cedeu ilegalmente informações privilegiadas à acusação, auxiliando o Ministério Público Federal (MPF) a construir casos.

Moro além de orientar a promotoria, sugeriu a modificação nas fases da operação Lava Jato, cobrou agilidade em novas operações, concedeu conselhos estratégicos e forneceu pistas informais e sugestões de recursos ao MPF.

Mais adiante a percepção de que havia forte motivação política-eleitoral da LJ ganhou reforço quando o juiz parcial deixou o Judiciário e foi nomeado ministro do Bolsonaro.

Posteriormente, a anulação de grande parte das condenações decididas por Sérgio Moro, por falta de provas ou por transgressões à boa prática jurídica, provocaram a derrocada definitiva da LJ com o consequente descrédito da dupla Moro/Dallagnol, bem como de quase de toda a operação que se apresentava como estrutura de combate à corrupção.  Foi a primeira ironia do destino que percebi.

Com o andar da carruagem (ou do desgoverno) as intemperanças do presidente, o menosprezo com a saúde da população apavorada com a Covid, o negacionismo à vacinação, a péssima condução da economia (em momento tão crítico), entre outras bizarrices comprovaram que o Jair era um ídolo com os pés de barro. Considero que a avaliação do Bolsonaro no chão (ou melhor no mar, curtindo férias) se constituiu na segunda grande ironia do destino.

Assim um inacreditável 2021 chega ao fim indicando que Bolsonaro e Moro não passaram de ilusão catalisada por intensa pirotecnia midiática e que, diante da perspectiva cada vez mais clara de derrota retumbante, tudo indica, nenhum dos dois será candidato à presidência no próximo pleito.

Para encerrar, sinto-me inclinado a “profetizar” que, como soe acontecer, ambos vão procurar se eleger para um cargo no legislativo e assim buscar abrigo no “valhacouto dos canalhas”, o tal “foro privilegiado” com o único propósito de fugir à prisão.

Prefiro vê-los em Bangu8.

2 Comentário

  1. Para encerrar, sinto-me inclinado a “profetizar” que, como soe acontecer, ambos vão procurar se eleger para um cargo no legislativo e assim buscar abrigo no “valhacouto dos canalhas”, o tal “foro privilegiado” com o único propósito de fugir à prisão.

    Isto quem fez foi Dilma , quando pressentiram que o Lula ladrão iria para cadeia , mas não deu certo, foi preso e até agora não provou sua inocência e nem vai conseguir .
    O “valhacouto dos canalhas ” esta cheio de Lulas, Dirceus ,Dilmas, Paloccis e mais centenas de esquerdistas que torcem para o Brasil dar errado. Mudem-se para a Venezuela , seria um favor aos brasileiros de bem , que querem um país descente .

  2. Agradeço por me acompanhares sempre. És meu leitor mais assíduo

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