Opinião | Turismo em Blumenau: o futuro também é agora!

Foto: Monique Renne/Reprodução

Peço licença para aproveitar o mote da vitoriosa campanha do Prefeito Mário Hildebrandt nas eleições municipais de 2020 para falar um pouco sobre os próximos passos do turismo em nossa cidade.

No ato de assinatura do contrato de concessão do Museu da Cerveja, o empresário Valmir Zanetti fez uma analogia interessante, comparando o momento atual do turismo com uma corrida de Fórmula 1 interrompida: nesse momento, todos estão rodando em baixa velocidade, com pequena distância um do outro, esperando o “safety car” (a COVID-19) sair da pista para acelerar novamente. Na ocasião, o Prefeito Mário completou a analogia: no momento da paralisação pelo “safety car”, muitos carros entram nos boxes para reparar seus carros, trocar pneus e reabastecimento, para, quando a corrida estiver liberada, voltarem ainda mais rápidos que antes.

E posso lhes afirmar, com toda certeza: o esforço do município de Blumenau neste complicado 2020 foi de preparar o mercado de turismo e eventos para sua retomada! Pois vejamos.

Diante das dificuldades do segmento de eventos em 2020 por questões sanitárias, foi um ano desafiador, ainda mais que viemos de 2019, possivelmente o maior ano para o segmento de eventos da história de Blumenau. A decisão do cancelamento da Oktoberfest Blumenau foi a mais difícil tomada em toda sua história. Assim como o cancelamento da Páscoa, que iria surpreender a todos pelo seu crescimento e qualidade. O Natal de Blumenau teria um desafio de superar as bem sucedidas ações de 2019, que trouxeram mais de trezentos e cinquenta mil pessoas para o Parque Vila Germânica. Teríamos a importante Febratex. Teríamos um Revéillon ainda maior que o de 2019. Nada disso foi possível: foram 43 eventos cancelados em 2020. As ações desenvolvidas para Oktoberfest (decoração para bares e restaurantes, decoração de rua e live dos Velhos Camaradas) e Natal (iluminação de pontos da cidade, projeção mapeada na Igreja Matriz e caravanas nos bairros) foram extremamente bem sucedidas e com boa repercussão, apesar de distantes do gigantismo que estamos acostumados, e que precisamos para girar a roda da
economia.

O quadro acima mostrou de forma clara a perigosa dependência do turismo de Blumenau do segmento de eventos. Naturalmente, é inegável sua importância, em especial a Oktoberfest, que com a profissionalização dos últimos anos se colocou no mercado como um dos três mais importantes do gênero no país, junto com outros players como “Rock in Rio” e “Lollapallooza”.

Quem afirma isso não é apenas a Secretaria de Turismo de Blumenau, mas sim o mercado, que nos enxerga como grande referência. Diante da impossibilidade de realizar nossos importantes eventos, coube a pergunta: o quê fazer em Blumenau? Quais nossos atrativos para trazer o visitante e aumentar seu tempo de permanência na cidade?

A resposta para essa questão está em uma particularidade da cidade de Blumenau com relação ao turismo: a força do turismo gerido pelo ente público, em detrimento da iniciativa privada, como ator principal do segmento. Se formos buscar dois grandes “cases” de cidades de potencial turístico, Gramado (RS) e Balneário Camboriú (SC), percebemos isso de forma muito clara. As duas cidades possuem como mola propulsora do turismo os investimentos privados, de longo prazo, sem sobressaltos de ordem política, e com foco total em eficiência e excelência nos serviços prestados.

Por vezes, achamos que as grandes soluções estão no exterior, nas grandes cidades turísticas do mundo, quando na verdade os modelos de sucessos estão muito próximos de nós. Não é necessário “inventar” soluções mirabolantes. Como toda cidade turística do mundo, devemos sim ter um conjunto de atrações que possam ser visitadas pelos turistas por “free walking tours” ou pequenos deslocamentos com transporte público. E esse foi o espírito da 1ª Fase do Pacote de Concessões do Turismo de Blumenau e investimentos no Centro Histórico, que concluiu-se em 21 de dezembro de 2020, com a entrega das propostas de exploração da Praça Victor Konder (Praça da Estação). E foram seis concessões efetivadas com sucesso:

  • Resolveu-se o problema histórico do Restaurante Frohsinn, com concessão para o Indaiá, com abertura até 2 de setembro de 2022;
  • A concessão do “Museu da Cerveja” para a Cerveja Blumenau transformará o espaço em espaço de atratividade e digno de nosso título de “Capital Brasileira da Cerveja”;
  • A Praça Dr. Blumenau, hoje tão degradada, passará para gestão do Benkendorff Kaffee, que lá vai desenvolver um espaço inspirado nos “biergartens” da Alemanha, com abertura até 31 de dezembro de 2021;
  • A concessão da marca Oktoberfest Blumenau para licenciamentos de produtos, que muitos não compreenderam sua importância para a qualidade do produto local, e possibilidade de que a principal marca da cidade de Blumenau esteja nos grandes magazines e lojas do país, com produtos de grande qualidade, controle criativo e rendendo royalties ao município;
  • A concessão das lojinhas da Vila Germânica, com a novidade de um ponto exclusivo de chocolate artesanal (mercado a ser explorado nos próximos anos, e que recebeu atenção durante a pandemia), pontos esses que, mesmo
    com todas as dificuldades de 2020, alcançaram preço de R$ 4,19 milhões de reais (ágio de mais de 30%), mostrando a confiança dos empreendedores na retomada dos negócios;
  • E por fim, a esperada concessão da Praça da Estação, disputada por duas empresas (Insight e My Beer, que estão em análise da habilitação), criando outro ponto turístico da cidade, compondo um cenário cenográfico com o
    prédio da Prefeitura de Blumenau;

Importante salientar a importância dos técnicos da Secretaria de Turismo de Blumenau e Procuradoria do Município em alguns casos acima: a concessão do “Museu da Cerveja” foi a primeira concessão na modalidade “técnica e preço”
do país no segmento de museus; já a concessão da “Oktoberfest Blumenau” para produtos licenciados foi a primeira concessão de marca (bem intangível) do poder público do Brasil. Foram soluções encontradas com criatividade e que se tornarão modelos jurídicos para o direito público brasileiro.

Estas concessões, somadas as obras de revitalização da Prainha e Curt Hering, farão que uma ideia muito tempo defendida especialmente pelo empresário Emílio Rossmark Schramm, presidente do Sindilojas, finalmente se materialize: o “Centro Vivo”, projeto de revitalização do Centro de Blumenau. E podemos monetizar todos esses investimentos, sejam públicos ou privados: com investimentos do novo Museu da Cerveja (R$ 1,5 milhão), do novo Frohsinn (R$ 3,8 milhões), praça Dr. Blumenau revitalizada (R$ 0,4 milhão) e nova Praça da Estação (R$ 1,7 milhão), somando-se aos investimentos das revitalizações da Rua Curt Hering (R$ 2,8 milhões) e Prainha (R$ 4,6 milhões), alcançando nessa etapa aproximadamente R$ 14,8 milhões de reais em investimento em turismo e lazer na cidade de Blumenau, além dos R$ 4,19 milhões de reais das lojinhas do empório, que entrarão no caixa para manutenção do Parque Vila Germânica.

Além do mais, estima-se uma economia para o erário de aproximadamente de R$ 3,3 milhões de reais nos próximos quatro anos com a gestão privada dos espaços, sem onerar os cofres públicos.

Para complementar o trinômio INVESTIMENTO X ECONOMIA X NOVAS RECEITAS, as outorgas advindas das concessões, acrescidas pelos royalties do licenciamento de produtos com a marca “Oktoberfest Blumenau” e parte (5%) da bilheteria bruta do novo “Museu da Cerveja” abastecerão o Fundo Municipal de Turismo, fortalecendo esse importante instrumento público-privado que é o Conselho Municipal de Turismo. Foi uma promessa que fizemos aos
conselheiros do CMT, e estamos cumprindo.

E muita atenção: as concessões e parcerias público-privadas não vão parar nessa 1ª Fase. A 2ª Fase vem chegando, e da mesma forma que a 1ª Fase, com projetos críveis, factíveis e com fonte de investimento/ captação definida.
Vejamos:

  • Prioridade número um do turismo de Blumenau, já existe previsão orçamentária garantida pelo Governo de Santa Catarina para o sonhado Centro de Convenções de Blumenau, com valores garantidos de R$ 28 milhões de reais;
  • A Praça das Rosas (Rosen Platz), nos fundos da Fundação Cultural, vai valorizar ainda mais a área do Mausoléu (climatizado com recursos do Fundo Municipal de Turismo) e fundos dos museus coloniais, com R$ 1,5 milhão de
    reais já reservados no orçamento municipal;
  • É chegado o momento de lançar a licitação mais importante da Oktoberfest Blumenau, a da Cervejaria Oficial, e com ela materializaremos o antigo sonho do “Museu da Oktoberfest Blumenau” (com potencial de ser um dos mais
    importantes museus do país) ao custo de R$ 7,5 milhões de reais;
  • Na mesma licitação da Cervejaria Oficial, a construção do “Boulevard da Vila Germânica” vai trazer mais atratividade para o complexo, com área coberta na área da atual Praça de Alimentação da Oktoberfest, com atrações
    turísticas em área coberta, o ano todo, com custo de 4,1 milhões de reais;
  • O teleférico ligando a Prainha ao Frohsinn, orçado em aproximadamente R$ 12 milhões de reais, será em breve apresentado por meio de PMI (procedimento de manifestação de interesse) por investidores privados, os mesmos da FG Big Wheel, de Balneário Camboriú;
  • A concessão do Mercado Público de Blumenau, cujo processo licitatório com o projeto arquitetônico aprovado em 2008 deverá ser publicado no próximo mês de janeiro, com custo de aproximadamente R$ 15 milhões de reais;
  • Teremos outras concessões, com termos de referência em avançado estágio de desenvolvimento, que anunciaremos no tempo adequado;

Somando os investimentos aproximados dessa 2ª Fase de Investimentos no Turismo (sem contar alguns sem estimativa de preço nesse momento, como o Centro Cultural da Vila Itoupava e sinalização turística da Nova Rússia) poderemos alcançar outros R$ 68 milhões de reais em investimentos nos próximos anos.

Esses investimentos – viáveis e com fonte de investimento definidas – poderão somar-se a outros; esses sim, projetos que deveremos buscar recursos por sua importância, em especial a revitalização da margem esquerda da Beira Rio, ligando a nova Prainha ao Palácio Planetapeia; a revitalização da antiga área do Porto de Blumenau; e a revitalização da Avenida Martin Luther, ligação principal entre as duas zonas de interesse turístico (Centro Histórico e Distrito Turístico da Vila Germânica), fazendo-a também um importante corredor gastronômico (investimentos no novo Sushi Garden e no futuro “Hutplatz”, no antigo Jornal de Santa Catarina, mostram esse potencial).

Essa é nossa visão para o turismo de Blumenau nos próximos anos. Com o desenvolvimento econômico do segmento turístico, virão também ainda mais investimentos em equipamentos turísticos, atrações, eventos ainda mais qualificados, hotéis (o novo Grande Hotel e o Caiuá, em frente da antiga Livraria Alemã, deverão ser os próximos) e gastronomia variada e de qualidade.

Concluindo com a analogia do primeiro parágrafo, quando o ”safety car” sair da pista, estaremos prontos para pisar no acelerador, com sinergia entre o poder público (como grande animador) e iniciativa privada (como grande investidor). Com a força da Oktoberfest, que vai voltar mais forte que nunca!

Com um Centro de Convenções que vai ajudar a reduzir a sazonalidade de nosso turismo. E com a posição que Blumenau merece ter no segmento do turismo: a liderança!

Aproveito o espaço para desejar um Feliz Natal e um Ano Novo de muitas realizações e sucesso para todo o Trade Turístico!

1 Comentário

  1. Enquanto isto, a indústria, que desde os primórdios da fundação de Blumenau foi o pilar mestre do desenvolvimento econômico, incentivando a implantações de universidades e diversificando as opções na oferta de serviços, vai sendo abandonada a própria sorte, e graças a inteligência de governantes de municípios vizinhos encontrando no território destes, a devida guarida. Bom para o transporte intermunicipal que em breve transportará os moradores desta cidade dormitório para gerar riquezas na vizinhança.

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