Opinião | Sobre o reto, o curvo e o plano

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Milton Santos afirmou que o mundo é cada vez mais globalizado, conectado por sistemas informações e de comunicações. Baseado nisto, afirma ser um mundo cada vez mais dominado pela técnica, pelo domínio da informação e pela ciência e suas novas tecnologias.

Como resultado desse avanço emerge um poder sobre-humano que dotou as forças de comunicação a serviço de determinados atores hegemônicos de força definidora dos rumos das sociedades.

Apesar do consagrado autor e pesquisador da geografia brasileira ter sugerido ou incitado “por uma outra globalização”, mesmo tendo essa técnica avançado em alguns grupos sociais o domínio da técnica e das tecnologias a esse favor, da “curva” critica e racional de uma globalização mais humana, ainda há muita defasagem sobre o conteúdo do que é compartilhado predominantemente.

Nesse mundo dominado pela ciência e pela técnica, pelo avanço do controle da mesma com finalidades bem definidas e distintas é comum que ocorra sistematicamente um bombardeio ininterrupto de informações (ou seria des-informações?) em escala planetária, todas como diria Milton com suas intencionalidades bem constituídas.

Normalmente, tais (des)informações contribuem mais para a confusão ou até mesmo para a desintegração intelectual do que para o amadurecimento da nossa racionalidade, o que seria de fato um contrassenso colossal, ao invés do progresso intelectual que seria naturalmente esperado pelo avanço da técnica ele passa a ser gerador de catástrofes psicossociais tão severas como as do tipo que se avizinham na esquina, do ressurgir de ideologias e de teorias já acreditadas mortas e sepultadas.

No horizonte da expansão dos dados nas redes sociais, há uma onda assustadoramente preocupante que ganha forma e tamanho aterradores, de negação da produção de conhecimentos culturalmente aceitos e válidos. Tais (des)informações são mais facilmente assimiladas pela sociedade de massa, por má fé e proselitismo de algumas pessoas ou mesmo por preguiça intelecto-cognitiva.

O que mais preocupa é que o alcance disso, dia pós dia atinge velocidades assustadoramente maiores, conquista e domina grupos sociais que se permitem seduzir pelo canto da seria, pelo “fascínio” da resolução fácil das mazelas e problemas das sociedades ao redor do mundo, culpa grupos, apela para o delírio fervoroso de um temor odioso a alguém ou a um grupo, distantes da realidade, creem em terra plana e em muitas outras coisas já refutadas, numa negação que reproduz ignorância, atraso e um lastro de domínio fácil.

Pois, se comparadas à formas confiáveis de conhecimento, normalmente, produzidas e difundidas pela Educação Formal, desde a básica até ao stricto senso. É muito comum, no ambiente escolar da educação formal básica, a pergunta de alunos (que muitas vezes, verbalizam opiniões compartilhadas), defenderem determinadas ideias consideradas esdrúxulas ou absurdas pela ciência, tais como as revitalizadas teorias terraplanistas e outras.

Estas negações ou crendices, ao que tudo indica, parece que, durante a segunda metade do século XXI, tem se aliado ao que parece, à diversas formas de negação dos conhecimentos historicamente construídos durante o progresso científico da sociedade humana, aguarda-se um avanço intelectual com o progresso técnico e difundimos a negação dele.

E é fatidicamente impressionante constatar que este tipo de (des)informação e interpretação, se veicula rapidamente através dos sistemas de comunicação dessa era globalizada, desses avanços da ciência e da técnica. Da mesma forma, impressiona como tais informações são projetadas utilizando e tendo como base as tecnologias-ferramentas como satélites, cabos de fibra ótica, dentre outras.

Assim, difundem-se descalabros que afirmam que o Planeta Terra é plano, que em suas bordas há grossas bordas de gelo, as quais evitam que a água escorra para fora! Então, como os navegadores teriam passado por lá então? Como Amyr Klynk, em 1998, conseguiu realizar a circunavegação? Teria ele, arrastado sua embarcação pelas bordas geladas do Planeta?

Além disso, a febril alucinação contemporânea vai além disso, tais como as versões de que afirmam que a Lua, satélite natural da Terra, nada mais é que um holograma, projetado nos céus, como forma de iludir as pessoas.

Ao que parece, os autores desta teoria, se esforçaram para encontrar uma capacidade tecnológica de projeção de luz, para gerar o referido holograma, em períodos onde o ser humano, mal conseguia manipular de modo competente o fogo.

Com base nesses exemplos, levando ainda em consideração o texto “A Geografia e a lição dos três porquinhos, publicado anteriormente, demonstram como o conhecimento formal e sério tem sido ignorado, e, talvez a pior das constatações, desrespeitado de maneira absurda e assustadora o conhecimento e seus já frágeis defensores, promovendo um grande esforço para que se lancem “teorias alternativas” de interpretação do mundo e da realidade.

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