Opinião// Sem asterisco: o mundo não é justo!

Quando você começou a gostar, curtir algo que só de pensar preenche o coração e o corpo todo de energia, excitação? Este poder, um desejo incontrolável de seguir um rumo, aproveitar uma atividade de lazer, deitar-se ao léu ou, quem sabe, transformar o mundo em bolas de sorvete, a vontade que está dentro de cada um de nós é algo que em nenhum ponto, maneira, jeito pode ser imposto por outro alguém. Pai algum tem o direito e a força de obrigar um filho a apreciar determinada coisa. Não funciona assim! Mas, é dever de todo genitor apresentar os melhores caminhos, aquilo que dá prazer de sair da cama e que leva a sua criatura a encontrar, entre as feridas dos dias, a satisfação de melhorar sempre a busca do lado bom da vida.

Em 1987 meus pais aguardavam a minha chegada. Nasci em 1 de dezembro daquele ano e sou o primeiro de três filhos. Então, tenho certeza que os meses que precederam o momento que vim ao mundo foram, para o jovem casal que eram, de muita expectativa e curiosidade. O início de um amor que jamais sairá de nós. Ao saber que um menino estava a caminho, a primeira tentativa de definir um nome, conta minha mãe, foi Stewart. Acabou que fui batizado como Tarciso por conta de um, à época, zagueiro famoso do Grêmio, time que papai sofre até hoje.

Quantas voltas você precisa completar para avançar mais uma casa? Não sou gremista… minha torcida é pelo Avai e Palmeiras. Do esporte, o automobilismo é o que mais aproxima nesta área sr. Targino, meu irmão mais novo e eu. Stewart é coincidentemente o nome de um amigo americano que trabalhou com o meu pai e o sobrenome do britânico, um dos maiores pilotos de todos os tempos: Jackie Stewart, o tricampeão mundial de Fórmula 1.

Como o mundo, que gira em seu próprio eixo, os carros circulando em uma competição, nós repetimos inúmeras vezes a mesma rota, o mesmo caminho: uma, duas, três vezes insistindo passar por um ponto até encontrar, em um incerto momento, uma curva ascendente que eleva a nossa glória para além do patamar atual. A semana que passou, desde a esquisitice que foi o último GP de Fórmula 1, remete a infância, inevitavelmente voltei a ser a criança insatisfeita com o resultado. Voltamos! Afinal, doeu ver um título ser roubado das mãos do ídolo e também deu para sentir a tristeza que foi a queda do tricolor gaúcho.

Cheguei a disputar algumas corridas de Kart, quando garoto. Era rápido e abusado… por falta de grana e por desenvolver três hérnias na coluna precisei abandonar as pistas de monopostos. Jamais deixei de acompanhar a evolução do esporte. Gostava de Ayrton Senna, mas fiquei encantado com a história e o pouco que pude encontrar da pilotagem de James Hunt, de José Carlos Pace. Gosto do que Richard “The King” Lee Petty fez na Nascar, e sou fã de Kyle Busch e Lewis Hamilton que, na minha opinião, são os melhores de todos os tempos.

Toda competição, para ser um esporte, precisa de regras claras e pouco flexíveis. Na disputa da semana passada a política dobrou o livro e levou para casa a vitória não do melhor, mas daquele que foi imposto ali, forçado desde a infância. Foi um desfecho ruim que corou o ano de um piloto que, mesmo fantasticamente rápido, escorregou em diversos momentos: questionado em posturas nas pistas, debochou de comissários de prova, teve atitudes assumidamente antidesportiva (como um brake-test) e, fora dos autódromos, declarou, entre outras, que a principal aquisição da vida foi a namorada brasileira.

Eu não tenho filho. A criança que vive em mim, certamente, prefere o exemplo do negro de família pobre, único da história, que em sua prateleira possui o maior número de títulos inconteste do esporte e, na biografia, um posicionamento claro de defesa do bem. Quem nunca teve a clara sensação de ter vivido aquela mesma situação, de ser enganado, preterido por outro mesmo fazendo enorme esforço? O esporte é, em diversas aspectos, uma fotografia da vida e ensina as mais variadas lições.

 

1 Comentário

  1. Vamos aos números:

    Vitórias:
    Max Verstappen – 10
    Lewis Hamilton – 8

    Pole Positions:
    Max Verstappen – 10
    Lewis Hamilton – 5

    Voltas lideradas:
    Max Verstappen – 652
    Lewis Hamilton – 297

    Número de pódios:
    Max Verstappen – 18
    Lewis Hamilton – 17

    Contra números, não há argumentos. Verstappen campeão legítimo nas pistas. Quaisquer atitudes fora da pista, não podem ser levadas em consideração para validar méritos.

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