Opinião | Passado, presente e o futuro de Bolsonaro

Foto: reprodução

No maior clássico de sílabas repetidas da história do boxe, Popó finalmente enfrentou Bambam. Tudo como esperado: noite com famosos no ringue, com uma luta mais feia que a outra, onde só não teve puxão de cabelo porque todos estavam de luva. Na luta principal, Bambam apanhou feito João Bobo, tomando uma e voltando para levar outra. Esboçou alguns socos desajeitados e acabou nocauteado em incríveis 36 segundos, menos que um story nas redes sociais.

No fim das contas, quem ri por último ri melhor e o ex-BBB saiu sem nem um olho roxo e alguns milhões no bolso. Parece bobagem, mas essa luta demonstrou que só mesmo o desejo de ver Popó fazendo “bam-bam” no rosto do oponente para unir os brasileiros. Todo mundo torcendo junto, como nos velhos tempos.

Mas isso foi só na virada de sábado para domingo, porque logo pela manhã as coisas voltaram ao normal, na manifestação convocada por Jair Bolsonaro.

Lobo em pele de cordeiro? 

Manso como poucas vezes se viu em sua longa carreira, o ex-presidente que na pandemia deu declarações como “Chega de frescura, de mimimi. Vai ficar chorando até quando?”, argumentou na manifestação do último domingo (25): “O que eu busco é a pacificação, é passar uma borracha no passado. É buscar uma maneira de nós vivermos em paz. É não continuarmos sobressaltados”. Pois é, quando diz “nós vivermos em paz”, ele está falando de toda a população, só da extrema-direita ou de sua própria família?

Como o bolsonarismo é uma feijoada de religião, política e futebol – tudo o que se evitava falar há 10, 15 anos – não é de se admirar que sua existência seja cheia “choro e ranger de dentes”. Uns dizem que a manifestação foi um gol contra porque, afinal, quanto mais uma pessoa fala, mais se compromete. Então por que se expor ainda mais?

O que se diz nos bastidores é que, provavelmente a prisão é certa, por motivos justos ou perseguição, então lá foi o ex-presidente mostrar que não é carta fora do baralho. E antes de um possível desgaste que possa afetar a relação com o eleitorado, mobilizou muita gente. Isso é inegável.

Ao todo, foram sete quadras na Avenida Paulista, mas como o brasileiro geralmente é ruim de cálculo, os organizadores falaram em 700 mil pessoas, enquanto o Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP), estimou que cerca de 185 mil pessoas foram ao ato.

Independente da soma dos presentes, é como na matemática: a ordem dos fatores não altera o resultado. Fica a certeza de que, se tivesse sido manso desse jeito enquanto esteve no poder, hoje, provavelmente Bolsonaro ainda seria presidente. Mas…

Fernando Ringel, jornalista e professor universitário

3 Comentário

  1. Os petrralhas não esquecem Bolsonaro. De manhã, a tarde e a noite, Bolsonaro. Como deve ser difícil não ter o que falar de bom do nove dedos e ter que falar de Bolsonaro para ter assunto…Fazueli.

  2. É, uma coisa qualquer um com um mínimo de honestidade deveria admiti a ”CORAGEM PASSOU LONGE DA GÊNETICA DELE, O BICHINHO COVARDE”.
    Agora o medroso quer ”pacificação”, pede anistia para si e finge que é para os incautos presos na papuda.
    Vergonha alheia de tantos catarinenses ainda acreditarem nele, uns é por ”canalhice mesmo”, devedores do erário público, caloteiros contumazes não é????
    Mas outros, pura raiva do PT, tudo bem politicamente podem odiar sim, não deveriam, mas podem, mas porque não arrumam outro ”representante menos frouxo”.
    Prof. Dr. Luciano Zucchi.

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