Opinião: o último bom imperador!

“Nas suas ações, não procrastine. Nas suas conversas, não seja prolixo. Nos seus pensamentos, não divague. Na sua alma, não seja passivo ou agressivo. Na sua vida, não foque apenas no trabalho”. A frase de Marco Aurélio, o último bom imperador Romano, foi como um presente para mim, entregue por Luiz Henrique. Era o fim de 2008, eu tinha acabado de completar 20 anos e trabalhava longe de casa, em Florianópolis, fazia um tempo. Depois de tudo que aconteceu naquele ano uma decisão era pedida. O que fazer?

Eu precisava decidir: voltar para Blumenau, para perto a família e do amor da minha vida, ou seguir na capital. Entre uma agenda e outra, na porta do Teatro Pedro Ivo, o falecido governador entregou este ensinamento. Minha vida nunca mais foi a mesma.

Existem muitas formas de encarar nossa passagem por este plano, os inúmeros desafios e etapas que surgem pelo caminho. O imperador Marco Aurélio, que faleceu em um 17 de março, não foi apontado como um bom governante por sua força. Era respeitado, admirado, conta a história, por uma capacidade ímpar de autocontrole e busca constante de evitar o julgamento dos erros. Registrou: “em todo momento pense constantemente como um homem, para que possa cumprir seu dever com dignidade, simples e perfeitamente, com afeição, com liberdade e com justiça. Realize cada ato de sua vida como se fosse o último, colocando toda aversão apaixonada aos ditames da razão”.

A memória que guardo de Luiz Henrique é de um chefe compreensivo. De alguém que parecia insistir em ensinar sempre uma lição diferente em cada contato que fazia.

Mais de uma década depois que deixou o governo, assim como ocorre com o Brasil pós plano real, Santa Catarina nunca mais teve um projeto que compreenda e reorganize o futuro e o diálogo entre os catarinenses e o Estado. Assistimos um desfile de nomes, uma briga de popularidade, narrativas, e uma luta de obras e ações por batizar. Talvez, preciosismo meu, o tempo dos bons governantes, das idéias e ideais acabou.

Hoje, muito tempo depois daquela improvável conversa, mantenho na lembrança os conselhos dele quando preciso decidir algo que influencie na vida minha, dos meus e dos que posso influenciar. E como encerrou nosso papo? “Leve o tempo que precisar para tomar uma decisão. Não tenho pressa. Mas não demore indefinidamente. E quando decidir seja firme e não olhe para atrás”, finalizou Luiz Henrique.

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