Um empresário endinheirado que investe em filantropia, em doações, projetos para as pessoas, para a cidade em que habita, em benefício da sociedade, precisa ter desprendimento, inteligência, cultura, sensibilidade e senso de interesse público.
Uma sociedade, cujo sistema social, econômico e cultural, precisa de doações e caridade individual e privada, é uma sociedade doente, desequilibrada, insustentável, injusta, equivocada… nesse contexto, aquele filantropo capitalista, com aquelas características, respeita os mecanismos democráticos, valoriza a participação social, não impõe o seu mau gosto e condições pessoais, não provoca e desrespeita o bom senso, a ética e a estética da comunidade apenas para criar polêmica, tensões e divisões desnecessárias para divulgar sua marca, seus interesses e seu marketing oportunista!
Um empresário interessado em investir tempo, atenção e dinheiro para melhorar a comunidade, a cidade e os espaços públicos, respeitando os critérios desta comunidade e mecanismos públicos para esta análise e decisão, é sempre bem vindo!
A tentação dos líderes, servidores públicos e políticos, que nos representam e são passageiros (que não são donos do Estado e do Governo que integram), diante de nacos de dinheiro, de doações sedutoras, do canto da sereia cantado por vozes macias e “encantadoras”, não podem fechar os olhos, se inebriar, seduzir e empolgar!
Cada situação deve ser analisada com critério, clareza, leis, isonomia, bom senso, interesse público em primeiro lugar, em segundo, botando na mesa quais os objetivos e impactos para a coletividade e futuras gerações. Inclusive, em alguns casos, não aceitando, impedindo, vetando e proibindo tais “investimentos”, mesmo quando doações privadas.
Não interessa apenas grana, fetiche, poder… precisamos e queremos sustentabilidade, preservação da natureza, democratizar as cidades e espaços públicos, qualidade estética, ética e política… não podemos correr o risco de virar autômatos viventes numa máquina de morar, fria, desumana, sem poesia, sonho, beleza e utopias… não podemos aceitar que o poder e privilégios de uma minoria decida como serão nossas cidades, nossos bairros e nossas comunidades…
Não eh o poder do dinheiro que decide nossas vidas e o rumo de nossas cidades, mas a força da construção coletiva, o interesse público, a cooperação, o trabalho, o Estado (que eh do povo, de todos, criado para equilibrar as condições de vida entre todos; para promover e garantir equidade, igualdade, inclusão e oportunidadesl para todos, sem distinção… ), a liberdade individual que respeita a coletiva; a liberdade e o direito de denunciar, de criticar os oportunistas, os arrogantes que se acham donos da cidade, que acham que tudo podem por todos os atalhos, apenas por que têm dinheiro, e soh isso…
Como reagir, resistir, mudar esse status quo, essa tendência que pode levar nossos ecossistemas e lugares (Amazônia, litoral Catarinense, margens de rios, centros históricos,
espaços públicos, etc) ao colapso e destruição…?
Como resgatar e garantir que o interesse coletivo, público, dos ecossistemas, das árvores, das pessoas, do planejamento, do futuro, sejam respeitados e prevaleçam? Não somos mais importantes que os bixos, que a fauna, a flora, cada árvore, os minerais, os fluxos de energia cósmica; somos apenas um fragmento, uma parte deste todo.
Como construir cidades para as pessoas, sustentáveis, em transição, mais acolhedoras, com mais praças, parques, ciclovias, árvores, democracia, sonhos, identidade, história, beleza, diversidade, cores, brincadeiras, arte, poesia, cultura, música e amor? Quem é capaz de fazer essa mudança? Mudar as cidades? Quais serão os líderes, políticos e cidadãos do século XXI que não apenas defendem isso, mas acreditam, vivem, trabalham e lutam por isso? Que farão acontecer junto com todos nós, a comunidade!
Quisera que neste Natal essa reflexão esteja presente nos objetivos públicos de cada família!